segunda-feira, julho 17, 2006

O Miradouro da Lua

Parece que os meus caros colegas andam com dificuldades em suportar o Verão.
Por cá, os insectos também fazem as suas trajectórias habituais, deambulando por aqui e por ali, num carnaval de movimentos, que eu teimo em seguir.
"Enxota a mosca!", sopram-me aos ouvidos, mas teimo em nada fazer. Embalo-me com a ladainha, sei que nem ela, nem nenhum de nós temos tempo, nem espaço, onde cairmos vivos, como dizia o outro poeta anónimo.
Ao chegar à porta de casa reparei que andavam a tirar impressões digitais aos gafanhotos que passavam. Tentaram meter conversa comigo, mas eu ignorei-os e segui em frente, com um passo rápido. Subi as escadas a toda a velocidade e tranquei-me a oito chaves. Ainda ouvi gritos, lá ao fundo, misturados com várias imprecações pecaminosas. Agora, enquanto apelo aos bons ofícios do meu advogado, tenho de me contentar em ficar com a cabeça debaixo da almofada, para não ouvir aqueles guinchos. Custa-me muito. A respiração não é tão fluente e o pescoço ressente-se igualmente.
E este calor...
Falta-me uma réstia de vento, o tal acorde distante, que me possa trazer de novo o eco da memória do teu corpo, que continua ausente...

8 comentários:

  1. Anónimo7/17/2006

    Boa Noite, minha casa!
    Parto hoje para o país dos sonhos aos ombros das estrelas...

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  2. Anónimo7/18/2006

    Porta-se muito mal, Sr. Lugones! Muito mal!...

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  3. Anónimo7/18/2006

    Caro Lugones, "embalado" pela ironia, e depois de considerar a lisonjeira sugestão no seu texto, peço-lhe humildemente que ma empreste para que figure sobre a minha pobre identidade. O poeta fraco pede emprestado, já dizia um outro que não era poeta e muito menos anónimo.
    Entretanto, o vento já cá canta!
    Por acaso não tem um ouvido absoluto que me empreste?

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  4. Anónimo7/18/2006

    "Falar-se-ão os homens de remotissímos países um do outro, e responder-se-ão".

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  5. Caríssimo Poeta Anónimo, acho que o nome lhe fica bem. Assim mesmo, em Maiúsculas. Porque é que se acha com uma pobre identidade? Como dizia um outro ainda (não era o outro, nem um outro), mais vale um poeta anónimo do que um anónimo poeta.
    E eu gosto sinceramente dos seus comentários, dão vida a este modesto cantinho de larachas. Citei-o porque reparei no que escreveu.
    Por isso, bem haja, e que a Nossa Senhora do Caravaggio lhe dê muita saúdinha.
    O vento ainda não chegou aqui aos meus lugares, mas ele avisou-me que está um bocado atrasado.
    Se souber de algum ouvido absoluto, avise-me também, mas por mail. Eu possuo um ouvido obsoleto, que não me permite distinguir um Stradivarius de uma gata com cio.
    Cumprimentos cordiais!

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  6. Anónimo7/18/2006

    Caro Lugones, leio com muito gosto os seus textos e cumprimento-o com a mesma cordialidade.

    «AVISO: Não avisamos por mail.»

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  7. Anónimo7/20/2006

    "...Who loves the sun?
    Pá pá pá pá
    Not everyone..."

    Amigo Lugones, o seu ouvido obsoleto - certamente - (re)conhece esta musica, não?

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  8. Anónimo7/20/2006

    Boris, és tu?

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