segunda-feira, janeiro 26, 2009

Não obituários de pessoas desconhecidas- 1- O Zé Manel

Hoje não morreu José Manuel da Silva. José Manuel da Silva tem 47 anos e desempenhava, e ainda desempenha, à hora do fecho deste post, o trabalho de Técnico Informático, numa Empresa do Centro de Lisboa.
José Manuel da Silva nasceu em Outubro de 1961, numa aldeia do Interior Ribatejano, e é o mais novo dos três filhos de António José da Silva e Silva, e Maria da Conceição Perpétua Silva e Silva, agricultores de profissão e vocação.
Desde cedo, José manifestou paixão pelas tecnologias. Aos 10 anos, arranjou pela primeira vez o tractor do seu pai, que se tinha avariado, ao chocar contra um eucalipto. Na altura, vaticinavam-lhe um futuro brilhante como Técnico Agrícola, e os grandes proprietários da região começaram a fazer-lhe propostas de trabalho.
Contudo, o dia 19 de Maio de 1981 mudaria para sempre a sua vida. Nesse dia, enquanto José Manuel lia o jornal, no Café Central da sua povoação, leu um artigo sobre o jovem Bill Gates, e sobre o universo dos computadores.
Diz quem o viu, que José Manuel ficou com “um brilho no olhar” (Testemunho de Acácio Padeiro), e que queria “meter-se no negócio dessas geringonças”.
Os pais não aprovaram a sua ideia, e José Manuel saiu da aldeia, para se fixar na cidade de Lisboa, como Jardineiro de um Engenheiro.
Esse Engenheiro já tinha um computador. José Manuel, quando ninguém o via, ligava-o, e ficava a olhar, fascinado, para o ecrã.
Em poucos anos, aprendeu a linguagem Pascal, a usar o MS-Dos, e a fazer os seus próprios programas informáticos.
A partir daí, foi uma ascensão até ao topo de carreira. Comprou o seu primeiro computador em 1989, e entrou no mesmo ano para os quadros de uma empresa informática, cargo que desempenha até aos dias de hoje, com honra, e lealdade.
Casou-se, e tem dois filhos. Os seus amigos gabam-lhe o carácter.
Aqui fica o depoimento de Luis Aguiar, companheiro de idas ao futebol: “O Zé Manel é um grande amigo. Paga sempre uma rodada ao pessoal, sempre que sai do trabalho. Os computadores não lhe deram a volta a cabeça, continua o mesmo Zé de sempre”.
O sonho de José Manuel é montar a sua própria companhia. Para isso, nas horas vagas, entretém-se a inventar logótipos, para o seu futuro projecto, que já tem um nome: ZéMané e Associados, Sociedade Informática Lda.

Hoje também não morreram: Maria Elisa Fernandes, 23 anos, Operadora de Telemarketing; Hugo Sequeira, 50 anos, Empresário; Laurinda Carvalheiro e Bastos Macedo e Mello, 64 anos, Socialite; Amílcar Guerreiro, 40 anos, Personal Trainer.

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Entreacto em cinco minutos

Eu tinha um amigo suiço chamado Jacques Dingue, que vivia no Peru, a 400 metros de altitude; tendo partido há alguns anos para explorar essas regiões, tinha-se prendido por lá aos encantos de uma estranha índia, que o tinha completamente enlouquecido, por se lhe recusar. A pouco e pouco, ele enfraquecera, e agora nem sequer saía da cabana onde se instalara. Um médico peruano, que o tinha acompanhado até ali, prestava-lhe assistência, para tratar uma demência precoce, que ele julgava incurável.
Numa noite, uma epidemia de gripe caiu sobre a pequena tribo de índios que hospitalizava Jacques Dingue; todos, sem excepção, foram contagiados, e de duzentos indígenas, cento e setenta e oito morreram em poucos dias; transtornado, o médico peruano, regressara a Lima imediatamente…O meu amigo foi, também, atingido pelo terrível mal, e imobilizado pela febre.
Ora, todos os índios mortos possuíam um ou mais cães, os quais, passados poucos dias, porque não tinham outros recursos para viver, começaram a comer os seus próprios donos; esquartejavam os cadáveres, e um deles trouxe para a cabana de Dingue a cabeça da índia por quem ele estava apaixonado. Reconheceu-a imediatamente e sentiu, sem dúvida, uma intensa comoção, pelo que subitamente ficou curado da loucura e da febre; voltaram-lhe então as forças e, arrancando a cabeça da mulher das goelas do cão, entreteve-se a atirá-la para o outro canto do quarto, aos gritos para que o animal lha trouxesse; por três vezes recomeçou o jogo; o cão trazia-lhe a cabeça, agarrando-a pelo nariz; mas à terceira vez, em que Jacques Dingue a tinha atirado com mais força, ela quebrou-se contra a parede, e o jogador de bola pôde constatar, para sua grande alegria, que o cérebro que dela jorrou apresentava uma única circunvolução e se assemelhava, espantosamente, à forma de um par de nádegas!

(Francis Picabia, retirado de Jesus-Christ Rasstaquouère, traduzido por Jorge Silva Melo).

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Carta enviada de Barcelona, pelo menino Alga, endereçada ao Puto Low
















segunda-feira, janeiro 12, 2009

Versos para músicas pop- 2 (agora em francês)

No seguimento da rubrica "Versos para músicas pop", proponho agora alargar o seu espectro Linguístico, com dois objectivos: 1- contribuir para lançar mais achas para a fogueira na velha discussão "letras escritas em português vs. letras escritas em Línguas do resto do mundo".
2- escrever hits no maior número de Línguas diferentes, para alargar o mercado potencial de compradores.

Nota: nesta música, quando o cantor diz as palavras "Mon bébé", deve ser acompanhado por um coro Doo-Wop/Gospel, que se encarregará das harmonias vocais.

J’aime beaucoup mon bébé
J’adore me promener avec mon bébé
Et de manger des glaces avec mon bébé
Ou d’aller au cinema avec mon bébé

Et après, à la maison, elle me gratte le dos et me massage
Pendant qu’on mange des pop corn et qu’on voit la télé
On s’endort et on ronfle sur le canapé….

J’aime beaucoup m’éveillé à coté de mon bébé
Regarder le visage du matin de mon bébé
J’aime beaucoup sentir la mauvaise halaine de mon bébé
Lorsque qu’elle se réveille et commence à m’emmerder

Et, après, il faut que je sorte en courant, sans même me chausser
Je lui prépare le petit-dejeuner avant qu’elle ne commence à crier
Et lui lire le journal, faire le lit, nettoyer le plancher, lui enlevé son pijama, l’habiller, avant qu’elle ne soit en retard

Beaucoup de fois j’entends harler mon bébé
Elle me jette des assiettes, couteaux, fourchettes
J’ai beaucoup de fois les yeaux noirs à cause de mon bébé
Et pendant la nuit, je reste éveillé, avec peur de mon bébé

Mais on se reconcillie et je lui donne plein de bisous en signe de gratitude
Je lui achète des cadeaux, j’éxécute tous ces désirs, tout qui soit à la porté de ma main
Je lui souplie qu’elle m’embrasse, qu’elle me laisse essuyer le sol qu’elle parcourt
Et j’ai toujours peur que chaque jour soit le dernier et qu’il ne reste rien, teminant anssi mon paradis dans cette vie

Dans ces moments de tension, tristesse, solitude, j’attends toujours mon bébé
J’attends un geste, un mot qui m’appaise de la part de mon bébé
Quelque chose qui me dise que je ne serais pas abandonné, rejeté, reciclé par mon bébé
Et que je puisse ainsi, un jour de plus, servir ma déesse, mon bébé

Parce que je sais qu’il n’y a pas d’autre bonnheur....
La la la la....