domingo, fevereiro 26, 2006

Teoria da indeterminação literária

O encantamento da presa é a antecipação do êxtase. Por isso, a fuga dá-se em espiral. O centro modelar é a marca escarlate da goela aberta. A história conta-se porém elipticamente: o bom predador move-se em função dessa espiral que a presa desenhou de antemão e coloca-se num ponto determinado do circuito total – não no centro, mas entre este e o perímetro, o que lhe permite seccionar o percurso traçando o diâmetro perfeito; mas a boa presa sabe mover a cada instante o seu centro de acção, retalhando assim a teia erigida. Esta astúcia não significa a sua salvação, mas tão só o diferir eterno do inevitável desenlace. Fábula kafkiana sem solução matemática exacta.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Vem, mosca. Faz vibrar a minha teia. Vem, rende-te, e morre de amor por mim...

3/24/2006  

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