domingo, março 12, 2006

O estado das coisas

A obra, ou a realização, significa a bancarrota. O drama, esse, escreve-se por si mesmo. «The space between the characters can carry the load.» A mão que segura a mão arrebata o cinzel e impede a iminência da catástrofe – para que todo o crime permaneça incógnito. «Life sneaks out. All stories are about death.» Na escrita a duas mãos, uma comanda e a outra riposta na obscuridade; a primeira inscreve no branco o jogo das luzes, a outra sujeita o caderno à sombra, na hora da embriaguez. «Life is in colours but black and white is more realistic.» Toda o exercício redunda na procura de uma chave oculta para lá do horizonte – cada oportunidade acumulada torna-se proveito tributável e multiplica as combinatórias no espaço neutro. «I am home nowhere, in no house, in no country.» A tragédia é o antecipar da tragédia – e a sua dilação no presente vivo. «Stories only exist in stories (whereas life goes by, in the course of time, without the need to turn into stories).» Com todo o oceano por diante...