Alguns Apontamentos Sobre Música (com o nosso colaborador João Bonifárcio)
Resolvi fazer uma pausa nas minhas audições dos discos do Bonga e do novo do Scott Walker para me debruçar um pouco sobre a nossa banda portuense favorita, os GNR. Como se sabe, saiu uma antologia nova, para comemorar os 25 anos de carreira do grupo, "ContinuAcção" de seu nome, e que sucede a mais duas antologias, "Tudo o que você queria ouvir" (1996) e "Câmara Lenta" (2001). É um disco duplo, com 33 temas no total, vendido a preço de amigo! Apenas 17 euros e tal!As Editoras Discográficas andam generosas! Como nenhuma das compilações repete qualquer tema, as músicas mais conhecidas já ficaram para trás, nas outras antologias. Esta é para os fãs, os indefectíveis. Surgem 8 canções que nunca apareceram em CD e que são os verdadeiros motivos para a aquisição desta antologia.
Tudo isto é muito bonito, mas adensa-se cada vez mais um dos grandes mistérios da história da música pop/rock portuguesa: por que é que "Independança" (1982) e "Defeitos Especiais" (1984) nunca foram editados em CD?
Surgiram várias lendas urbanas sobre o assunto, até se disse que as gravações originais tinham sido destruídas no incêndio do Chiado.
Por alturas da compilação de 1996 comentou-se que as músicas dos discos que tinham sido para aí recuperadas provinham das gravações multipistas existentes, que se encontravam deterioradas e quase irrecuperáveis.
Disse-se também que a partir dessa altura só se poderiam fazer reedições a partir das bobines de produção (no máximo, seria feita uma remasterização, limitada em termos de resultados).
No meio de tantas conversas técnicas, restam-nos estes resultados práticos: neste momento, nas 3 compilações existentes, já saíram 5 canções de "Independança" (restam 3- o tema título, "The Light" e o épico "Avarias") e 6 de "Defeitos Especiais" (restam 3- "Absurdina", "A Última Vaga" e "Muçulmania").
Assim, deixa de fazer sentido esta explicação. Existe apenas um motivo pelo qual ainda não saíram estes álbuns em CD: o motivo económico. Estes só serão lançados, provavelmente, depois de uma quarta compilação dos GNR, daqui a uns 10 anos, que terá como inéditos os temas ainda não saídos em CD.
Os fãs não se importam de gastar 17 euros por meia dúzia de músicas inéditas. E depois, quando forem reeditados os álbuns, irão comprá-los, mesmo já tendo todas as canções.
Esta "maldição" dos GNR não se fica apenas pelos discos do grupo. Existem vários LP's de vários dos seus elementos que constituem uma raridade nos dias de hoje: de Rui Reininho, temos o álbum da Anar Band (1977); de Alexandre Soares temos o seu álbum a solo (Um Projecto Global-1988); de Vitor Rua temos os seus discos "polémicos"- o álbum "Pipocas", dos PSP (1988) e "Mimi tão pequena e tão suja" (1991), dos Pós-GNR.
O problema não se limita, contudo, apenas aos GNR: há vários discos portugueses, considerados importantes pela crítica, que nunca viram a edição em CD: só para dizer alguns nomes, "Música Moderna" (1979), dos Corpo Diplomático (de Pedro Ayres Magalhães); "Trauma" (1982), dos Street Kids (de Nuno Rebelo); "The Life os He" (1985), dos Croix-Sainte; "Muito Obrigado" (1988), dos Ocaso Épico, o álbum homónimo dos Linha Geral (1989), etc...
Outros saíram em CD, mas estão fora de circulação: dos Mão Morta, temos o clássico "Mutantes S21" e "Vénus em Chamas", dos Pop Dell'arte, "Sex Symbol" (1995); os discos dos Tédio Boys...
Até "Por Este Rio Acima", de Fausto, considerado um dos discos "incontornáveis" da música portuguesa, não se encontra por aí aos pontapés.
O cenário já esteve mais negro e constituem como factos positivos as recentes edições em CD dos álbuns dos Mler Ife Dada ou dos Santa Maria, Gasolina Em Teu Ventre.
Não há bela sem senão, como provou a reedição do primeiro disco dos Censurados, uma das bandas mais execráveis de sempre. Infelizmente, não caíram no esquecimento, como mereciam.
O mesmo não se pode falar dos míticos e fabulosos Vox Mambo, cujos dois álbuns aguardam ainda a reedição. Triste país este...
Chegou-se a falar da edição em DVD do seu lendário concerto na Festa do Avante mas, para já, não há novidades.
No meio disto tudo, as Editoras Discográficas aproveitam para fazer o seu choradinho para a imprensa, dizendo mal dos mauzões da pirataria, com o patrocínio de meia dúzia de badamecos de bandas de 5ª categoria. Antes de dizerem mal, façam antes o vosso trabalho de casa, ok?
Por ora me despeço, pois ainda tenho de fazer umas críticas literárias para o Mil-folhas.
Tudo isto é muito bonito, mas adensa-se cada vez mais um dos grandes mistérios da história da música pop/rock portuguesa: por que é que "Independança" (1982) e "Defeitos Especiais" (1984) nunca foram editados em CD?
Surgiram várias lendas urbanas sobre o assunto, até se disse que as gravações originais tinham sido destruídas no incêndio do Chiado.
Por alturas da compilação de 1996 comentou-se que as músicas dos discos que tinham sido para aí recuperadas provinham das gravações multipistas existentes, que se encontravam deterioradas e quase irrecuperáveis.
Disse-se também que a partir dessa altura só se poderiam fazer reedições a partir das bobines de produção (no máximo, seria feita uma remasterização, limitada em termos de resultados).
No meio de tantas conversas técnicas, restam-nos estes resultados práticos: neste momento, nas 3 compilações existentes, já saíram 5 canções de "Independança" (restam 3- o tema título, "The Light" e o épico "Avarias") e 6 de "Defeitos Especiais" (restam 3- "Absurdina", "A Última Vaga" e "Muçulmania").
Assim, deixa de fazer sentido esta explicação. Existe apenas um motivo pelo qual ainda não saíram estes álbuns em CD: o motivo económico. Estes só serão lançados, provavelmente, depois de uma quarta compilação dos GNR, daqui a uns 10 anos, que terá como inéditos os temas ainda não saídos em CD.
Os fãs não se importam de gastar 17 euros por meia dúzia de músicas inéditas. E depois, quando forem reeditados os álbuns, irão comprá-los, mesmo já tendo todas as canções.
Esta "maldição" dos GNR não se fica apenas pelos discos do grupo. Existem vários LP's de vários dos seus elementos que constituem uma raridade nos dias de hoje: de Rui Reininho, temos o álbum da Anar Band (1977); de Alexandre Soares temos o seu álbum a solo (Um Projecto Global-1988); de Vitor Rua temos os seus discos "polémicos"- o álbum "Pipocas", dos PSP (1988) e "Mimi tão pequena e tão suja" (1991), dos Pós-GNR.
O problema não se limita, contudo, apenas aos GNR: há vários discos portugueses, considerados importantes pela crítica, que nunca viram a edição em CD: só para dizer alguns nomes, "Música Moderna" (1979), dos Corpo Diplomático (de Pedro Ayres Magalhães); "Trauma" (1982), dos Street Kids (de Nuno Rebelo); "The Life os He" (1985), dos Croix-Sainte; "Muito Obrigado" (1988), dos Ocaso Épico, o álbum homónimo dos Linha Geral (1989), etc...
Outros saíram em CD, mas estão fora de circulação: dos Mão Morta, temos o clássico "Mutantes S21" e "Vénus em Chamas", dos Pop Dell'arte, "Sex Symbol" (1995); os discos dos Tédio Boys...
Até "Por Este Rio Acima", de Fausto, considerado um dos discos "incontornáveis" da música portuguesa, não se encontra por aí aos pontapés.
O cenário já esteve mais negro e constituem como factos positivos as recentes edições em CD dos álbuns dos Mler Ife Dada ou dos Santa Maria, Gasolina Em Teu Ventre.
Não há bela sem senão, como provou a reedição do primeiro disco dos Censurados, uma das bandas mais execráveis de sempre. Infelizmente, não caíram no esquecimento, como mereciam.
O mesmo não se pode falar dos míticos e fabulosos Vox Mambo, cujos dois álbuns aguardam ainda a reedição. Triste país este...
Chegou-se a falar da edição em DVD do seu lendário concerto na Festa do Avante mas, para já, não há novidades.
No meio disto tudo, as Editoras Discográficas aproveitam para fazer o seu choradinho para a imprensa, dizendo mal dos mauzões da pirataria, com o patrocínio de meia dúzia de badamecos de bandas de 5ª categoria. Antes de dizerem mal, façam antes o vosso trabalho de casa, ok?
Por ora me despeço, pois ainda tenho de fazer umas críticas literárias para o Mil-folhas.
2 Comments:
´bora fazer um "Vox Mambumentário"? ;)
Senhor Lugones, esta é para si! Espero que goste. Eu cá acho que tem a "sua cara". :)
"Salto para cima, experimento o colchão
Onde era sangue é só solidão
Sabem que me escondo na Bellevue
Ninguém aparece ao meu rendez-vous
Os meus amigos enterrados no jardim
E agora mais ninguém confia em mim
Era só para brincar ao cinema negro
Os corpos no lago eram de gente no desemprego..."
Bellevue - 1986
GNR
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