segunda-feira, dezembro 25, 2006

O último passeio de Robert Walser

Há cinquenta anos: algumas crianças passeavam na neve. Fariam os seus bonecos para de seguida serem destruídos. Guerreando com ogivas húmidas e inofensivas, numa batalha de neve, talvez tenham lançado um projéctil longe de mais. Correram ansiosas e encontraram um homem estendido, de braços abertos, como que aguardando um abraço do céu. Assustadas, teriam regressado à pequena vila de Herisau, onde já se sentia a falta de um doente do Hospital Psiquiátrico local. A polícia, avisada, acorreu ao local e reconheceu o homem. Um passeio solitário final, depois de ter desaparecido na escrita até ficar invisível, é a suprema liberdade, a sublime fuga ao mundo.

4 Comments:

Blogger Abssinto said...

Coitado. Faz-me lembrar o compositor Webern, que depois da guerra ter acabado foi morto pelos aliados por ter desrespeitado o toque de recolher. Vidas.

Este Robert Walser sei que era escritor mas só sei mesmo isso sobre ele.

abraço

12/26/2006  
Blogger Abssinto said...

Robert Walser loved long, lonely walks. On the 25th of December of 1956 he was found, dead of a heart attack, in a field of snow near the asylum. The photographs of the dead walker in the snow are almost eerily reminiscent of a similar image of a dead man in the snow in Walser's first novel, Geschwister Tanner.

in Wikipedia.org

12/26/2006  
Blogger Maria Ostra said...

Ontem, dia de Natal (também) morreu James Brown, o "Sr. Dinamite"...

12/26/2006  
Anonymous Anónimo said...

Era um senhor curioso, este Robert Walser. Em 1933 desistiu de escrever e internou-se num asilo psiquiátrico - onde permaneceu até morrer (no/num dia de Natal). Ele disse:"- Não estou cá para escrever, mas para ser louco"...
(mas não era...digo eu!...)

12/26/2006  

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