A História Banal de José Manuel, Um Homem Sem Pescoço
José Manuel era um rapaz simpático e inteligente, mas sem sucesso com as mulheres. Talvez por não ter pescoço. A cabeça, de tamanho normal, com um aspecto normal, surgia-lhe logo a seguir aos ombros, o que lhe dava um aspecto pitoresco. José Manuel é que não achava a situação pitoresca. Talvez por isso se acanhasse e não metesse conversa com as mulheres. Afinal, se os ombros, mesmo os de um cão, são importantes, também o é o pescoço.
Farto da situação, teve, um dia, uma ideia brilhante: arranjou um colar ortopédico e colocou-o no local onde deveria estar o seu pescoço. Depois de se mirar ao espelho, satisfeito, foi sair para um bar. Sentou-se numa mesa e depressa despertou a atenção de uma mulher, que estava sentada, sozinha, a outra mesa:
- Está com um colar ortopédico? O que lhe aconteceu?
- Oh....nem lhe conto, respondeu José Manuel. “Uma história terrível”.
A partir desse dia, José Manuel passou a ter muito sucesso com as mulheres, que se sentiam atraídas por esse homem com um colar ortopédico, e de aspecto tão sofrido.
Até que José Manuel se apaixonou por uma bela colega, de formas voluptuosas e uns lindos olhos verdes, do Curso de Escrita Criativa de Pinturas de Murais, Vertente Web, a Maria Francisca Rovisco de Simões Corte-Real.
Após um namoro, que durou alguns meses, resolveram casar. Para abreviar a história, poderei apenas dizer que José Manuel nunca contou o seu segredo à ternurenta Maria Francisca, que ignorava por completo o defeito físico do seu futuro esposo. José Manuel apenas lhe dissera que teria de usar o colar ortopédico para o resto da vida.
- Não há problema, amoreco, respondeu Maria. “Sempre achei que os homens com colares ortopédicos eram mais sexys”.
Casaram e foram felizes durante alguns anos. Mas a angústia de José Manuel não parava de aumentar. Tinha de dormir com o colar, e nunca o podia tirar quando estivesse na presença da sua querida mulher, o que lhe causava muitas dores.
Contrariando a vontade de Maria Francisca, recusou-se a ter filhos. E se fosse hereditário? Não queria arriscar-se a trazer para este mundo mais uma pobre criatura sem pescoço.
Ao fim de 8 anos de sofrimento, não aguentou mais. Tirou o colar ortopédico e suicidou-se. Atirou-se da janela do quarto porque não se conseguiu enforcar, depois de várias tentativas. Antes de se matar, escreveu uma carta para a sua mulher, que deixou num envelope, em cima da cama.
Maria Francisca, ao saber do sucedido, chorou muito e mostrou-se perplexa com a decisão do seu marido. Até que leu a carta. “Minha querida, não aguento mais. Guardei-te sempre um terrível segredo, com medo que me deixasses. Eu não tenho pescoço, nem nunca tive. O colar ortopédico era falso. Muitos beijos e desculpa. O teu querido José Manuel”.
Maria Francisca pousou a carta, pensativa. Depois, cansada, foi vestir o pijama. Pela primeira vez, em oito anos, ia dormir sozinha.
Ainda leu um livro, durante meia hora. De seguida, um pouco aliviada, desatarraxou a sua cabeça, que era, obviamente, falsa, e pousou-a em cima da mesa de cabeceira.
Deitou-se, e adormeceu pouco depois, com a janela do quarto, de onde se atirara umas horas antes o seu marido, ainda aberta, e com a agradável sensação de sentir o ar fresco primaveril a entrar pelo seu corpo dentro, pela cavidade onde estivera atarraxada, minutos antes, a sua cabeça.
Era a primeira vez, em oito anos, que podia fazer isto. “Realmente, uma pessoa tem sempre de fazer sacrifícios no casamento. Antes viver sozinha”....pensou, antes de adormecer um sono sem sonhos, como têm todas as pessoas sem cabeça.
Farto da situação, teve, um dia, uma ideia brilhante: arranjou um colar ortopédico e colocou-o no local onde deveria estar o seu pescoço. Depois de se mirar ao espelho, satisfeito, foi sair para um bar. Sentou-se numa mesa e depressa despertou a atenção de uma mulher, que estava sentada, sozinha, a outra mesa:
- Está com um colar ortopédico? O que lhe aconteceu?
- Oh....nem lhe conto, respondeu José Manuel. “Uma história terrível”.
A partir desse dia, José Manuel passou a ter muito sucesso com as mulheres, que se sentiam atraídas por esse homem com um colar ortopédico, e de aspecto tão sofrido.
Até que José Manuel se apaixonou por uma bela colega, de formas voluptuosas e uns lindos olhos verdes, do Curso de Escrita Criativa de Pinturas de Murais, Vertente Web, a Maria Francisca Rovisco de Simões Corte-Real.
Após um namoro, que durou alguns meses, resolveram casar. Para abreviar a história, poderei apenas dizer que José Manuel nunca contou o seu segredo à ternurenta Maria Francisca, que ignorava por completo o defeito físico do seu futuro esposo. José Manuel apenas lhe dissera que teria de usar o colar ortopédico para o resto da vida.
- Não há problema, amoreco, respondeu Maria. “Sempre achei que os homens com colares ortopédicos eram mais sexys”.
Casaram e foram felizes durante alguns anos. Mas a angústia de José Manuel não parava de aumentar. Tinha de dormir com o colar, e nunca o podia tirar quando estivesse na presença da sua querida mulher, o que lhe causava muitas dores.
Contrariando a vontade de Maria Francisca, recusou-se a ter filhos. E se fosse hereditário? Não queria arriscar-se a trazer para este mundo mais uma pobre criatura sem pescoço.
Ao fim de 8 anos de sofrimento, não aguentou mais. Tirou o colar ortopédico e suicidou-se. Atirou-se da janela do quarto porque não se conseguiu enforcar, depois de várias tentativas. Antes de se matar, escreveu uma carta para a sua mulher, que deixou num envelope, em cima da cama.
Maria Francisca, ao saber do sucedido, chorou muito e mostrou-se perplexa com a decisão do seu marido. Até que leu a carta. “Minha querida, não aguento mais. Guardei-te sempre um terrível segredo, com medo que me deixasses. Eu não tenho pescoço, nem nunca tive. O colar ortopédico era falso. Muitos beijos e desculpa. O teu querido José Manuel”.
Maria Francisca pousou a carta, pensativa. Depois, cansada, foi vestir o pijama. Pela primeira vez, em oito anos, ia dormir sozinha.
Ainda leu um livro, durante meia hora. De seguida, um pouco aliviada, desatarraxou a sua cabeça, que era, obviamente, falsa, e pousou-a em cima da mesa de cabeceira.
Deitou-se, e adormeceu pouco depois, com a janela do quarto, de onde se atirara umas horas antes o seu marido, ainda aberta, e com a agradável sensação de sentir o ar fresco primaveril a entrar pelo seu corpo dentro, pela cavidade onde estivera atarraxada, minutos antes, a sua cabeça.
Era a primeira vez, em oito anos, que podia fazer isto. “Realmente, uma pessoa tem sempre de fazer sacrifícios no casamento. Antes viver sozinha”....pensou, antes de adormecer um sono sem sonhos, como têm todas as pessoas sem cabeça.
6 Comments:
Antes perder a cabeça!
Poldinho, é côrte-real e não corte-real.
Viuvinha Alegre, este é, realmente, um caso em que a pessoa que perdeu a cabeça ficou mais feliz!
Katy, o apelido é, de facto, Côrte-Real, cometi uma gralha! Contudo, como se veio a descobrir, a Maria Francisca não tinha cabeça. Portanto, acima do seu pescoço, onde esta deveria estar, existe um CORTE, que é real.
Portanto, podemos também considerar o seu apelido como sendo um trocadilho e deixa de ser uma gralha! :)
Ah ah ah!
Eu gostei do post (já sabes que sim...), mas devo dizer que agora a tua resposta foi quase, quase um post. E bom! ;P
Neste momento também gostava de desatarrachar a minha cabeça. Se não saír assim, tenho a certeza que vai saír com uma grande, grande explosão.
bj
Poldinho sempre a surpreender. Muito bem, muito bem..
:P
Sempre a partir tudo, Lugones, eheh...
Muito gostas tu de escrever sobre estas personagens desengonçadas! :P
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