quinta-feira, maio 10, 2007

Momento Susana Tamaro

«Penso na atitude pós-moderna como a daquele homem que ama uma mulher muito culta e que sabe que não lhe pode dizer “Amo-te loucamente” porque ele sabe que ela sabe (e que ela sabe que ele sabe) que aquelas palavras já foram escritas por Barbara Cartland. Ainda assim, há uma solução. Ele pode dizer “Tal como Barbara Cartland diria, amo-te loucamente”. Nesse momento, tendo evitado a falsa inocência, tendo dito claramente que já não é possível falar inocentemente, ele terá contudo dito o que queria dizer à mulher: que a ama, mas que a ama numa época de inocência perdida. Se a mulher for nisto, terá recebido, de qualquer modo, uma declaração de amor. Nenhum dos dois interlocutores se sentirá inocente, ambos terão aceite o desafio do passado, do que já foi dito e não pode ser eliminado, ambos jogarão conscientemente e com prazer o jogo da ironia... Mas ambos terão conseguido, uma vez mais, falar de amor.»

(Umberto Eco, Posfácio ao Nome da Rosa)

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Safo, és tu? :P

5/10/2007  
Anonymous Anónimo said...

"... - Amo-te.
Foi um choque para ambos. Até àquele momento as coisas tinham-se passado de uma forma muito civilizada. Ainda não tinha havido ocasião para aquele amor tão puro ser manchado com a lama das complicações emocionais. Hugh Longford parou de mexer a mão com que estava a acariciá-la e, como que apercebendo-se repentinamente da posição desconfortável em que encontrava disse-lhe:
- Espera aí, estás a magoar-me no pé. Sai só por um minuto.
Ela afastou-se, ele fez o mesmo, e toda a intimidade de ambos foi quebrada; naquele momento eram apenas duas pessoas nuas deitadas na mesma cama. Hugh sabia que podia ter salvo a situação, declarando-lhe, em retribuição, o amor que tinha por ela, mas repelira o "também te amo" instintivo que lhe tinha assomado aos lábios. Seria demasiado fácil. Era apenas uma reacção, e não uma acção que partira dele. Sentiu que a declaração tinha de esperar pelo momento próprio e não andar atrelado à dela. Além do mais, sempre tinha querido ser o primeiro a declarar-se e estava um pouco ofendido por aquela usurpação..."

5/10/2007  
Blogger Mónica said...

só se ele for moreno e forte senão soa a caramelos espanhois

5/12/2007  

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