O estranho caso do Doutor Joaquim e do Senhor Esconde
Estava eu a arrastar uns documentos para a reciclagem do meu computador quando ouço gritos de desespero: “Não, por favor, não!”, “Pára, não queremos ir para o lixo.” Primeiro pensei que se tratava do fulgor da minha imaginação – é que, para além de eu ser muito inovativo (inovative no original) também sou bastante imaginativo – e só depois realizei (realized no original) que os documentos estavam a falar comigo. Meu deus, gritei eu, e no último segundo Hollywoodiano (the last hollywodesque second, no original) poupei os pobres documentos que já estavam a estrebuchar de tanto sofrimento. Para me certificar de que eu não estava no meio de uma experiência onírica, de uma trip (trip, no original) de um qualquer alucinogéneo ou no meio de um livro de Burroughs, resolvi abrir os documentos, porque essa era uma tarefa fazível (feasible, no original). Eram os documentos relativos ao meu curso superior (my grade, no original): words de relatórios, powerpoints de apresentações, excéis de tabelas de cálculo, etc. De cada vez que eu abria um dos documentos eles saltavam e contorciam-se e eu dava-me conta de que nada tinha sentido, nem o conteúdo nem a forma dos documentos, nem a estúpida tentativa de escrever um texto sobre nada com o pretexto de se tratar de um exercício satírico, de uma certa forma de incorporar a cultura que vem de fora. Lição cultural a reter: no tempo dos gregos esse movimento chamava-se helenização, no tempo dos romanos, romanização, no tempo dos portugueses não sei, no tempo dos americanos, americanização, ou como querem alguns, ângulo-saxofonização. Fiquem bem e não stressem (don’t stress, no orginal), acima de tudo (above all, no original).
1 Comments:
Tás bué da in, tu!
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