O Movimento Artístico dos 39 Graus - 1ª Parte
Alguém disse, uma vez, que aos doentes tudo se perdoa, e esse preceito aplica-se, na perfeição, a Luís Mascarenhas, o mentor, e fundador do Movimento Artistico “Os 39 Graus”, e um dos humoristas (e artistas) mais populares, conceituados, e (porque não?), polémicos, da sua geração.
Ao princípio (e isto, digo-o com sinceridade), ninguém lhe auguraria um futuro tão brilhante. Aluno apagado, na escola, macambúzio, sempre calado, sentado, na mesa mais longínqua da sala. Não abria a boca quando os colegas contavam uma anedota, nem ripostava quando gozavam com ele.
Duvido que algum colega de Liceu se lembrasse de si, caso não se tivesse dado o estranho caso de Luís Mascarenhas se tornar famoso. O mesmo se diria dos seus colegas da Universidade, para onde transitou a seguir. Era um Curso de Economia, Gestão (ou seria Engenharia?). De qualquer modo, não suspeitaríamos encontrar um Artista Cómico (nem sequer um Artista) naquele indivíduo de camisolas demasiado largas, calças demasiado curtas, cabelo demasiadamente demasiado extra – ordinário…
Fica desses tempos a alcunha que lhe davam, e que perdura até hoje: “Qual Luís?”. Isto deve-se ao facto de os professores perguntarem, pelo Luís Mascarenhas, nas aulas, pois este faltava mais vezes do que seria desejável. “Qual Luís?”, era a resposta, sincera e invariável, dos seus colegas.
(Dizem que a sua primeira namorada respondeu o mesmo, aos seus amigos, quando estes perguntaram por ele, uns meses depois de terminado o namoro, e quando já se estranhava a ausência do futuro humorista).
A vida de Luís mudou quando, ao terminar o Curso, foi trabalhar para um Escritório esconso, junto a uma Tasca, que mais parecia um Saloon, num antigo bairro da cidade.
Como não tinha nada que fazer por casa, Luís passou a frequentar, diariamente, a citada Tasca, e rapidamente se tornou familiar de todos os outros clientes, que eram, tal como ele, frequentadores assíduos da dita espelunca.
Trocavam impressões sobre todo o tipo de assuntos e, um dia, depois de uma conversa mais animada, e mostrando um índice de confiança elevado, Luís resolveu contar a sua primeira anedota. Os resultados foram desanimadores. Os seus interlocutores desviaram o olhar, envergonhados e constrangidos. Depois de uns segundos de silêncio, a conversa sobre futebol retomou, e todos fingiram que nada se passara.
A anedota foi reunida, mais tarde, no Volume de Raridades, Anedotas B, e Anedotas Iniciais de Luís Mascarenhas (entretanto esgotado), e reproduzimo-la, agora, com a autorização da Editora:
“O Abominável Homem das Neves (ou Yeti) andava triste, e solitário, nas suas cavernas dos Himalaias, e andava a precisar de sol, e miúdas. Por isso, comprou um bilhete de avião para o Algarve, e foi para um apartamento em Albufeira. Como era bastante peludo, e sabia algumas (poucas) frases em português, e em inglês, resolveu engatar uma bifa, fazendo-se passar por português.
Levou-a para o seu apartamento, e a bifa foi para a casa de banho, arranjar-se. Passados vários minutos, e uma vez que a bifa não saia da casa de banho, o Abominável Homem das Neves, arrombou a porta, com um estrondo. De rajada, perguntou à bifa:
- Are You ready?
Ao que a bifa respondeu, aterrorizada:
- Not, Yeti!!!”
Fim da citação. A anedota pretendia fazer um trocadilho entre as palavras Yet (not yet), e Yeti, mas perde-se em grandes explicações, para além de ter uma punchline demasiado fraca.
A carreira de Mascarenhas poderia ter-se ficado por aqui, não fosse um episódio casual, e decisivo, ocorrido numa fria tarde do mês de Dezembro.
(fim da primeira parte da reportagem)
Ao princípio (e isto, digo-o com sinceridade), ninguém lhe auguraria um futuro tão brilhante. Aluno apagado, na escola, macambúzio, sempre calado, sentado, na mesa mais longínqua da sala. Não abria a boca quando os colegas contavam uma anedota, nem ripostava quando gozavam com ele.
Duvido que algum colega de Liceu se lembrasse de si, caso não se tivesse dado o estranho caso de Luís Mascarenhas se tornar famoso. O mesmo se diria dos seus colegas da Universidade, para onde transitou a seguir. Era um Curso de Economia, Gestão (ou seria Engenharia?). De qualquer modo, não suspeitaríamos encontrar um Artista Cómico (nem sequer um Artista) naquele indivíduo de camisolas demasiado largas, calças demasiado curtas, cabelo demasiadamente demasiado extra – ordinário…
Fica desses tempos a alcunha que lhe davam, e que perdura até hoje: “Qual Luís?”. Isto deve-se ao facto de os professores perguntarem, pelo Luís Mascarenhas, nas aulas, pois este faltava mais vezes do que seria desejável. “Qual Luís?”, era a resposta, sincera e invariável, dos seus colegas.
(Dizem que a sua primeira namorada respondeu o mesmo, aos seus amigos, quando estes perguntaram por ele, uns meses depois de terminado o namoro, e quando já se estranhava a ausência do futuro humorista).
A vida de Luís mudou quando, ao terminar o Curso, foi trabalhar para um Escritório esconso, junto a uma Tasca, que mais parecia um Saloon, num antigo bairro da cidade.
Como não tinha nada que fazer por casa, Luís passou a frequentar, diariamente, a citada Tasca, e rapidamente se tornou familiar de todos os outros clientes, que eram, tal como ele, frequentadores assíduos da dita espelunca.
Trocavam impressões sobre todo o tipo de assuntos e, um dia, depois de uma conversa mais animada, e mostrando um índice de confiança elevado, Luís resolveu contar a sua primeira anedota. Os resultados foram desanimadores. Os seus interlocutores desviaram o olhar, envergonhados e constrangidos. Depois de uns segundos de silêncio, a conversa sobre futebol retomou, e todos fingiram que nada se passara.
A anedota foi reunida, mais tarde, no Volume de Raridades, Anedotas B, e Anedotas Iniciais de Luís Mascarenhas (entretanto esgotado), e reproduzimo-la, agora, com a autorização da Editora:
“O Abominável Homem das Neves (ou Yeti) andava triste, e solitário, nas suas cavernas dos Himalaias, e andava a precisar de sol, e miúdas. Por isso, comprou um bilhete de avião para o Algarve, e foi para um apartamento em Albufeira. Como era bastante peludo, e sabia algumas (poucas) frases em português, e em inglês, resolveu engatar uma bifa, fazendo-se passar por português.
Levou-a para o seu apartamento, e a bifa foi para a casa de banho, arranjar-se. Passados vários minutos, e uma vez que a bifa não saia da casa de banho, o Abominável Homem das Neves, arrombou a porta, com um estrondo. De rajada, perguntou à bifa:
- Are You ready?
Ao que a bifa respondeu, aterrorizada:
- Not, Yeti!!!”
Fim da citação. A anedota pretendia fazer um trocadilho entre as palavras Yet (not yet), e Yeti, mas perde-se em grandes explicações, para além de ter uma punchline demasiado fraca.
A carreira de Mascarenhas poderia ter-se ficado por aqui, não fosse um episódio casual, e decisivo, ocorrido numa fria tarde do mês de Dezembro.
(fim da primeira parte da reportagem)
2 Comments:
Muito gostas tu de escrever sobre estes personagens clownescos que ninguém repara, mas cheios de potencial...
E depois juntam-se todos em cafés, o tal bar da esquina do bairro: Em Coimbra é o Académico, no Porto deve ser o Piolho, em Lisboa é o Estádio, em Boston é o Cheers! :p
O Monsieur Luís Mascarenhas transforma o Humor numa arte maior, ao lado da música, da dança, da pintura, da escultura, da literatura, do teatro e do cinema! Com o movimento artístico dos 39 graus, o humor torna-se agora a primeira arte a contar de baixo para cima.
P.S. Pode esclarecer-me, por favor, a propósito do trocadilho entre «yet» e«yeti»? A língua inglesa não é o meu forte…
Enviar um comentário
<< Home