O Miradouro da Lua
Parece que os meus caros colegas andam com dificuldades em suportar o Verão.
Por cá, os insectos também fazem as suas trajectórias habituais, deambulando por aqui e por ali, num carnaval de movimentos, que eu teimo em seguir.
"Enxota a mosca!", sopram-me aos ouvidos, mas teimo em nada fazer. Embalo-me com a ladainha, sei que nem ela, nem nenhum de nós temos tempo, nem espaço, onde cairmos vivos, como dizia o outro poeta anónimo.
Ao chegar à porta de casa reparei que andavam a tirar impressões digitais aos gafanhotos que passavam. Tentaram meter conversa comigo, mas eu ignorei-os e segui em frente, com um passo rápido. Subi as escadas a toda a velocidade e tranquei-me a oito chaves. Ainda ouvi gritos, lá ao fundo, misturados com várias imprecações pecaminosas. Agora, enquanto apelo aos bons ofícios do meu advogado, tenho de me contentar em ficar com a cabeça debaixo da almofada, para não ouvir aqueles guinchos. Custa-me muito. A respiração não é tão fluente e o pescoço ressente-se igualmente.
E este calor...
Falta-me uma réstia de vento, o tal acorde distante, que me possa trazer de novo o eco da memória do teu corpo, que continua ausente...
Por cá, os insectos também fazem as suas trajectórias habituais, deambulando por aqui e por ali, num carnaval de movimentos, que eu teimo em seguir.
"Enxota a mosca!", sopram-me aos ouvidos, mas teimo em nada fazer. Embalo-me com a ladainha, sei que nem ela, nem nenhum de nós temos tempo, nem espaço, onde cairmos vivos, como dizia o outro poeta anónimo.
Ao chegar à porta de casa reparei que andavam a tirar impressões digitais aos gafanhotos que passavam. Tentaram meter conversa comigo, mas eu ignorei-os e segui em frente, com um passo rápido. Subi as escadas a toda a velocidade e tranquei-me a oito chaves. Ainda ouvi gritos, lá ao fundo, misturados com várias imprecações pecaminosas. Agora, enquanto apelo aos bons ofícios do meu advogado, tenho de me contentar em ficar com a cabeça debaixo da almofada, para não ouvir aqueles guinchos. Custa-me muito. A respiração não é tão fluente e o pescoço ressente-se igualmente.
E este calor...
Falta-me uma réstia de vento, o tal acorde distante, que me possa trazer de novo o eco da memória do teu corpo, que continua ausente...
8 Comments:
Boa Noite, minha casa!
Parto hoje para o país dos sonhos aos ombros das estrelas...
Porta-se muito mal, Sr. Lugones! Muito mal!...
Caro Lugones, "embalado" pela ironia, e depois de considerar a lisonjeira sugestão no seu texto, peço-lhe humildemente que ma empreste para que figure sobre a minha pobre identidade. O poeta fraco pede emprestado, já dizia um outro que não era poeta e muito menos anónimo.
Entretanto, o vento já cá canta!
Por acaso não tem um ouvido absoluto que me empreste?
"Falar-se-ão os homens de remotissímos países um do outro, e responder-se-ão".
Caríssimo Poeta Anónimo, acho que o nome lhe fica bem. Assim mesmo, em Maiúsculas. Porque é que se acha com uma pobre identidade? Como dizia um outro ainda (não era o outro, nem um outro), mais vale um poeta anónimo do que um anónimo poeta.
E eu gosto sinceramente dos seus comentários, dão vida a este modesto cantinho de larachas. Citei-o porque reparei no que escreveu.
Por isso, bem haja, e que a Nossa Senhora do Caravaggio lhe dê muita saúdinha.
O vento ainda não chegou aqui aos meus lugares, mas ele avisou-me que está um bocado atrasado.
Se souber de algum ouvido absoluto, avise-me também, mas por mail. Eu possuo um ouvido obsoleto, que não me permite distinguir um Stradivarius de uma gata com cio.
Cumprimentos cordiais!
Caro Lugones, leio com muito gosto os seus textos e cumprimento-o com a mesma cordialidade.
«AVISO: Não avisamos por mail.»
"...Who loves the sun?
Pá pá pá pá
Not everyone..."
Amigo Lugones, o seu ouvido obsoleto - certamente - (re)conhece esta musica, não?
Boris, és tu?
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