quinta-feira, novembro 29, 2007

Simplício sabe tudo acerca de uma coisa. A sua textura, o seu cheiro, a sua densidade, o seu peso, a sua massa, a sua capacidade térmica mássica, o seu eixo transversal que a sustenta no eixo relativo da suspensão retrovertida, a sua inversão plenipotenciária fálica, a sua espessura bidimensional vítrica, a sua acidez flácido amniótica, o seu pre-esforço reforçado ínfimo, a sua hipertrofia globular-crepuscular, a sua kilometria vazo-lombar, a sua limperoptomia goziláfica, o seu plítio-célio laminar ventro-lateral, o seu purincêndio amilar, a sua flatulência verbalizante disforme, a sua rigidez clorocintilante, os seus factores de depressão manutensíveis, a sua magnitudinária solíase linfítica, o seu centramento grude-lipídico. Mas não sabe nada acerca da sua falsa vontade, da sua incerteza quanto ao desejo de se revelar, da sua permeabilidade quanto ao estar no mundo aqui e agora, da sua falta de tacto quando alguém aparece a dizer “hoje não há caracóis”, da sua completa inanidade face à repressão, do seu aspecto rochoso se uma procissão passa em direcção a um lado qualquer, da sua auto-repressão inexplicável, do seu tremendo olhar quando um inspector qualquer ordena a um qualquer técnico que lhe crave bem fundo, se necessário até ao coração, uma agulha que lhe sugue tudo, mas mesmo tudo, o que há lá dentro para sugar.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Sabe tudo, menos o que devia saber.

11/29/2007  
Anonymous Anónimo said...

Simplício é homem,
Os homens são mortais
Simplício é mortal,
Os mortais sentem medo da morte,
Simplício sente medo da morte
Simplício é homem

11/30/2007  

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