Sugestões para o cancioneiro das líricas pop-rock Lusitanas- canção para André Sardet, ou para as Just Girls
Nas letras de pop-rock fala-se muito de amor, quando muito, de ódio (vide as Songs of Love and Hate). Proponho, agora, uma abordagem diferente a esta temática, com uma letra, que mistura, pela primeira vez, desde o “Amor de Água Fresca”, Relações Humanas e Alimentos. Seria interessante colocar a canção na voz de André Sardet, ou dos Pólo Norte ou, então, numa variante feminina, dirigida a um namorado, cantada pelas Just Girls.
Amo a minha namorada
Quase tanto como um saco de batatas
Às vezes ponho-me a pensar do que mais nela gosto
E não chego a qualquer conclusão
Porque é tudo tão igualmente banal, sensaborão…
Mas gosto desta sensação
De nada me agradar, ou excitar particularmente
De me sentar, no sofá, calmamente, ao seu lado, a ver televisão
E não existir naquele momento qualquer tensão,
Ou uma pausa atroz, que terei de preencher, a todo o custo,
Sob pena de me rebentar o coração
De tormentas, incertezas, dúvidas, inquietações.
Com a minha namorada, consigo passear de mão dada, sem medir a força do seu pulso.
É sempre igual, sempre suave, e mesmo que se irrite, e me largue num qualquer assomo de raiva
Eu peço muitas desculpas, simplesmente, e assim seguimos, sempre em frente, pelo caminho, pela mesma estrada de sempre.
Não me bate o coração com mais força, não sinto nada de diferente,
Afinal, amo a minha namorada
Apenas, e tão só, quase como um saco de batatas,
Daqueles que se trazem lá da terra natal, que o vizinho ofereceu
E que ficam na dispensa para o ano inteiro
E quando precisar de me servir, sei que haverá mais uma batata guardada, dentro do saco
Serão todas iguais, sem surpresa, todos os dias do ano
Talvez uma seja maior, outra esteja estragada, outra saiba melhor e me dê um pouco mais de alegria nesse dia
Mas sei com o que contar
(afinal, são batatas).
Gosto de passear com a minha namorada
Discutimos cinema, literatura, tudo muito livremente
Não há razão para discordarmos, pois não há interesse na luta
Na obtenção de uma pequena vitória num qualquer assunto trivial
Quando vamos para a cama, é quase agradável
Não necessito de me mostrar, de me pôr à prova
E posso discorrer, livremente, pensar na vida, no dia seguinte
Enquanto passo com a minha mão sobre a sua pele, que tem um toque suave, inofensivo, elegante.
Conheço-lhe os segredos, pois não tem nenhum
Abraço-a com força, não num esforço de não a perder
Mas tão-só por uma questão de hábito
E eu amo tanto os hábitos
Que me apetece abraçá-los.
Oh, a minha namorada atende-me sempre o telefone a meio do dia
Mas se tiver um amante, não quero nem saber
Afinal, amo-a quase tanto como um saco de batatas.
Quando tudo se esgotar, arranjarei outra
Sem inquietações
Paixões
Ou outras palavras terminadas dramaticamente
Usadas apenas por aquela gente
Que tudo quer e tudo sente
Eu não.
Apenas sigo de mão dada
Com a minha namorada
Um saco de batatas, um quase nada
E assim estarei muito bem
Amo a minha namorada
Quase tanto como um saco de batatas
Às vezes ponho-me a pensar do que mais nela gosto
E não chego a qualquer conclusão
Porque é tudo tão igualmente banal, sensaborão…
Mas gosto desta sensação
De nada me agradar, ou excitar particularmente
De me sentar, no sofá, calmamente, ao seu lado, a ver televisão
E não existir naquele momento qualquer tensão,
Ou uma pausa atroz, que terei de preencher, a todo o custo,
Sob pena de me rebentar o coração
De tormentas, incertezas, dúvidas, inquietações.
Com a minha namorada, consigo passear de mão dada, sem medir a força do seu pulso.
É sempre igual, sempre suave, e mesmo que se irrite, e me largue num qualquer assomo de raiva
Eu peço muitas desculpas, simplesmente, e assim seguimos, sempre em frente, pelo caminho, pela mesma estrada de sempre.
Não me bate o coração com mais força, não sinto nada de diferente,
Afinal, amo a minha namorada
Apenas, e tão só, quase como um saco de batatas,
Daqueles que se trazem lá da terra natal, que o vizinho ofereceu
E que ficam na dispensa para o ano inteiro
E quando precisar de me servir, sei que haverá mais uma batata guardada, dentro do saco
Serão todas iguais, sem surpresa, todos os dias do ano
Talvez uma seja maior, outra esteja estragada, outra saiba melhor e me dê um pouco mais de alegria nesse dia
Mas sei com o que contar
(afinal, são batatas).
Gosto de passear com a minha namorada
Discutimos cinema, literatura, tudo muito livremente
Não há razão para discordarmos, pois não há interesse na luta
Na obtenção de uma pequena vitória num qualquer assunto trivial
Quando vamos para a cama, é quase agradável
Não necessito de me mostrar, de me pôr à prova
E posso discorrer, livremente, pensar na vida, no dia seguinte
Enquanto passo com a minha mão sobre a sua pele, que tem um toque suave, inofensivo, elegante.
Conheço-lhe os segredos, pois não tem nenhum
Abraço-a com força, não num esforço de não a perder
Mas tão-só por uma questão de hábito
E eu amo tanto os hábitos
Que me apetece abraçá-los.
Oh, a minha namorada atende-me sempre o telefone a meio do dia
Mas se tiver um amante, não quero nem saber
Afinal, amo-a quase tanto como um saco de batatas.
Quando tudo se esgotar, arranjarei outra
Sem inquietações
Paixões
Ou outras palavras terminadas dramaticamente
Usadas apenas por aquela gente
Que tudo quer e tudo sente
Eu não.
Apenas sigo de mão dada
Com a minha namorada
Um saco de batatas, um quase nada
E assim estarei muito bem
9 Comments:
Oh God!
Não sei se ria ou chore da tua posta...
(E lembrei-me de uma "Crampalhada", claro: Zombie Dance.)
P.S.:
http://www.lyricstime.com/the-cramps-zombie-dance-lyrics.html
Muito bom, Lugones!
Senti empatia pelo seu casalinho. :)
O meu amigo Lugones é dado ao humor melancólico...
O que lhe doi?
Caro/a "a elsa disse", acha que isto é humor melancólico? Então, não gosta de batatas?
De qualquer forma, a letra foi criada para o André Sardet cantar. Quando ouvir isto na sua voz, verá que é uma letra primaveril, que os rouxinóis gostariam de cantar, caso houvesse uma tradução do tema para o seu idioma.
Aproveito para mandar um abraço primaveril para as queridas leitoras Papillon e stay sick.
Agradeço em nome da Stay Sick, amigo Lugones.
Por falar em Primavera, sempre nos vem visitar no inicio da estação?
Festejar e tal...
Abraço retribuído da Papi para o Lugones!
Glosando o mote,
"Amo a minha namorada,
Não a deixo um segundinho
Quando se põe zangada
Fico logo de beicinho.
É tão quida e independente
E eu de tão próspero peito pronto,
Próspero,de amor simples e inocente
No seu regaço sempre encontro.
Talvez me minta, reconheço,
Talvez uma vez ou duas,
Pois encontrei umas cuecas suas
Na casa de alguém que conheço.
Mas Amo-a mais como um perdido
Amo-a mais que a própria vida
Que levo já suspendida
Num sorriso seu esquecido."
Acho que esta ficava melhor ao Graciano Saga ou a algum poeta bucólico de Trás-os-Montes.
Os meus cordiais cumprimentos
Excelente poema, caro Aristotélico!
Eu faria apenas uma sugestão: porque é que não mata o narrador do poema no último verso (podia, por exemplo, cair de um andaime)?
As últimas palavras do narrador seriam dirigidas ao seu amor, e a letra terminaria assim: "Dize à Liza que lhe amo".
Acho que há um cantor chamado Marc Denis que também ia gostar!
Cumprimentos cordiais
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