quinta-feira, março 05, 2009

Crónica do quotidiano

Pensando poder resolver os seus problemas de distracção crónica, o nosso grande amigo Excelentíssimo Doutor Leopoldo Lugones (Poldinho para os seus) decidiu tentar uma experiência de retiro e, assim sendo, foi pedir a orientação e a companhia do nosso Excelso Algazel, outrora mestre nessas andanças, para empreender uma jornada pelas areias desérticas do Norte de África. Contudo, e enquanto se preparavam espiritualmente para o evento, foram ambos raptados por temíveis ninfas de tez morena e cabelo revolto, acabando retidos num baile de Forró brasileiro, junto às areias do Mediterrâneo. O nosso excelso filósofo, surpreendentemente versado nas disciplinas da dança, depressa enfeitiçou as raptoras sem precisar de recorrer ao cepticismo argumentativo. Já o nosso querido novelista, impotente a princípio para lidar com a ameaça, e ainda atormentado por visões de cartazes ambíguos colados a paredes não menos ambíguas, acabou por conseguir aderir aos recentes ensinamentos do seu novo mestre e juntar-se à batalha. Diz-se que enquanto um desarmava as inimigas com melífluos passos de sedução, o outro as prostrava através de arrebatadores golpes de luta livre. Não consegui perceber ainda o desenlace de tão singular episódio, nem por quanto tempo ficaram ainda retidos os meus companheiros, mas a quem ousar descrer deste assombroso relato respondo com a missiva que hoje chegou à minha caixa de correio.

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Cortaram as cabeças das ninfas retintas e fizeram amuletos - que andavam todos a precisar de ter sorte na vida!

3/05/2009  
Anonymous Anónimo said...

O cepticismo argumentativo enfeitiça?!
Essa é boa, ahah!

3/05/2009  
Anonymous Anónimo said...

LUGONES, VOLTAAA!
(Estás perdoado! Este pasquim não é nada sem ti!)

3/05/2009  
Blogger Ela said...

Pela foto, a mim não me parece que sejam as ninfas que estejam a raptar os "nossos" intelectualóides...Bem, mas pelo menos ainda há alguém que manda postais!Eu ainda estou à espera de um postal do meu Tio Sam...

3/06/2009  
Blogger Lugones said...

Ahah! O meu Caríssimo e Douto Camarada Boécio fez uma bela descrição dos acontecimentos.
Contudo, preciso de fazer alguns esclarecimentos:
Encontrávamo-nos naquele local porque seguíamos uma pista que nos tinha sido fornecida na véspera, num bar de marinheiros bebedores de absinto, e, quais detectives selvagens, estávamos atrás de descendentes mediterrânicos da Cesárea Tinajero.
Imbuído pelo espírito Bolañeano, o Caro Algazel resolveu inquirir, através de danças mexicanas, se as tais ninfas seriam ou não descendentes da dita Cesárea.
Contudo, como não ensinam danças mexicanas nas escolas filosóficas das Arábias, o nosso querido Algazel parecia dançar um estranho híbrido de forró com um pouco de lap dancing das actrizes porno norte americanas à mistura.
Pode ter sido do efeito da Salvia que o nosso prezado Boécio nos mandou pelo correio, e que, quiçá, me terá estorvado o espírito, mas juraria que vi ainda um personagem aristotélico a mexer-se habilmente ao som de danças russas.
De qualquer forma, na manhã seguinte, acordei junto às areias de uma praia Atlântica, sem rasto do caro Algazel. O que será feito dele?

3/07/2009  

Enviar um comentário

<< Home