sábado, maio 09, 2009

Conselhos Para Roubar na Leya- 1


Já começou a Feira do Livro de Lisboa, de 2009, e este post serve para motivar todos os nossos leitores para fazerem o que de mais interessante há por lá: Roubar na Leya. A Leya é, como todos sabem, aquele bunker de Editoras, que se fixa num espaço próprio, com uma pracinha central, que passa sempre música de Daniela Mercury aos altos berros, e onde há grandes filas para a grande animação do certame: arranjar um exemplar assinado de um livro do António Lobo Antunes.
A Leya introduziu também uma coisa essencial em qualquer Feira do Livro que se preze: detectores de livros à entrada e saída do bunker, para prevenir a existência daqueles terríveis terroristas que levam, à sucapa, um livro debaixo do bolso.
Isto leva-me ao tema do post: a criação de vários planos para roubar livros na Leya. Aqui fica o primeiro:
Plano nº1 para roubar livros na Leya
Material necessário:
. uma pessoa e um cúmplice
. Saco com livros comprados noutra Editora
Explicação do plano:
Um dos ladrões entra por um dos detectores assinalado com o nº1, na figura. Depois, dirige-se a um dos pavilhões (pode ser, por exemplo, o da D. Quixote, assinalado com o nº2, na figura), e pega num dos livros. Depois, se o António Lobo Antunes estiver presente, o ladrão coloca-se na fila, assinalada com o nº3, para receber um autógrafo. Enquanto está na fila, coloca, à socapa, o seu livro dentro do saco do livro comprado noutra Editora. Depois, fazendo um ar de enfado, com a longa espera, finge desistir, e sai da fila. Há que ter cuidado com as pessoas assinaladas com o nº4, que são, provavelmente, agentes da Leya, à paisana.
A certa altura, o cúmplice do ladrão, grita-lhe, a partir do arvoredo, escondido atrás do nº5 assinalado na figura. O cúmplice estacionou, previamente, o seu carro, junto do Pavilhão Carlos Lopes, que fica a escassas dezenas de metros dos Pavilhões da Leya. Depois, ficou no arvoredo, entre dois dos pavilhões da Leya (a saída lateral não possui detectores) a fingir que ia entrar para a Feira. Ao avistar o ladrão, grita-lhe, e finge que é um velho amigo. Podem trocar o seguinte diálogo:
- Manel! Oh Manel, és tu??
O "Manel", que estava no bunker da Leya, acerca-se do cúmplice, e vai cumprimentá-lo, no intervalo entre dois pavilhões.
Trocam palavras, e, discretamente, começam a afastar-se, em direcção ao carro do cúmplice, com um livro roubado dentro do saco de outra editora, e evitando os detectores de livros roubados.
Podem ir tomar um café, entretanto, à esplanada que fica próxima, aquela que tem um lago com cisnes, e uns bons batidos de frutas exóticas.
Boa leitura!

28 Comments:

Blogger Boécio said...

Este comentário foi removido pelo autor.

5/09/2009  
Blogger Boécio said...

Espero que tu e o Alga ponham todos os dias um plano novo em prática! Tenho pena de não poder partilhar esses momentos...

5/09/2009  
Blogger Lugones said...

Os sacanas da Leya boicotaram-nos o plano,e colocaram tapumes nas saídas laterais. Mas não me darei por vencido! Quero a antologia do Nuno Bragança, a preço zero.

5/10/2009  
Blogger E. A. said...

Ahah! Sempre pode seduzir algum/a dos vendedores para lhe fazer o jeito... afinal: "enganar um parvo é fazer a vingança do espírito" (Casanova)

5/10/2009  
Blogger Iacobus said...

Uh-uh! Por que é que, de todos os pavilhões da feira do livro, só entre o espaço dos da Leya me ocorreu tal peripécia: roubar? Engraçado foi encontrar aqui o feedback do meu devaneio (que não porei em prática, como noutros tempos o fiz, na biblioteca da escola secundária, sob o descargo de consciência: «Estes putos não lêem livros...» :D)

5/10/2009  
Blogger Lugones said...

Ahah!
Acho complicado seduzir algum daqueles vendedores, aqueles que pensam que o Lobo Antunes é "tão queriducho e coitadinho", por andar a submeter-se ao frete de estar várias horas sentado, a aturar os pobres "leitores" (meto aspas,porque os livros dele não são lidos, servem só para ficar bem nas estantes).
O espaço da Leya irrita-me, com aquele som constante de alarmes a tocar, e da mentalidade chico-esperta de colocar tapumes entre as bancas, para impedir a fuga de qualquer gatuno dos livros.
Depois, os seguranças omnipresentes,e o clima constante de "muita animação", ajudam-nos a perceber que estamos, de facto, numa Feira. E só isso. O pormenor do livro é insignificante.
Tenho pena de ver os livros da Teorema no meio disto tudo.
Parece-me que roubar, neste caso, é um dever cívico. Fico contente por encontrar também feedback, por aqui :)

5/11/2009  
Blogger E. A. said...

"Il est interdit d'interdire"! Faça uma pequenina revolução de Maio de '09.
Eu ainda n fui à feira nem irei.

5/11/2009  
Blogger Alberto Colima said...

Podemos sempre experimentar aquele golpe da Fnac. Fingindo folhear o livro quando na verdade procuramos o dístico que activa o alarme. É uma ideia...

5/11/2009  
Anonymous stay sick said...

Chato. Não está frio para se usar sobretudos de bolsos rotos, no forro.
Mãozinhas leves, meu caro!
;)

5/11/2009  
Blogger Lugones said...

A ideia do golpe da FNAC parece-me interessante! Fica como plano nº2.
Sugiro um plano nº3: várias pessoas entram no bunker, com grandes sacos vazios na mão, e usando máscaras do Homem Gargalhada. Entoando alegres canções, enchem os sacos, e vão-se embora, calmamente.
As pessoas pensarão que se trata de mais uma animação da Leya.

Ficará como uma pequena homenagem ao Maio de 68. Espalhafatoso, e relativamente inconsequente.

Com o dinheiro poupado nos livros roubados, poderemos comprar vários livros dos Situacionistas. Reparei que estão baratos.

5/12/2009  
Blogger Iacobus said...

Internacional Situacionista?! Estou nessa! De volta ao velhos tempos da secundária! :D

5/12/2009  
Blogger Fräulein Else said...

Todas os números da Internationale Situacioniste estão disponíveis on-line: http://i-situationniste.blogspot.com/
É bem público, n está sujeito a Leyas paponas.

5/12/2009  
Blogger Fräulein Else said...

E A Sociedade do Espectáculo, livro e filme e etc.

5/12/2009  
Blogger Iacobus said...

Terei de me contentar com o que a Frenesi e a Antígona (mais alguma?) vão traduzindo, que o meu francês não é nem razoável. Mas, no que toca a mim, agradeço, Else!

5/12/2009  
Blogger Lugones said...

Excelente dica, cara Fraulein!
Já adicionei isto aos meus favorites.
Já algum dos caros leitores leu o livro "Lipstick Traces", do Greil Marcus? Faz uma análise interessante do Situacionismo.

5/13/2009  
Blogger Iacobus said...

Lugones, a frenesi tem esse livro traduzido, a 7,5€ ;)

5/14/2009  
Blogger Lugones said...

Caro Tiago, então aconselho a sua leitura! O Marcus esteve cá em Portugal, recentemente, na Faculdade de Letras de Lisboa, para uma conferência.
O livro tem partes um pouco "ultra ambiciosas", mas lê-se bem, e com interesse, e tem boas referências musicais e literárias.

5/14/2009  
Blogger Fräulein Else said...

Ahah! O Tiago é um óptimo consultor editorial!
Também n conheço o Marcus, e tb n conhecia a música do Scott Walker, embora prefire a q postei: o coro a lamentar-se como numa tragédia... "não pode mais falar, não pode mais falar". Lapidar.

5/15/2009  
Blogger Lugones said...

Caríssimo Fraulein, como sou uma pessoa curiosa, não resisti em fazer uma busca google por "fraulein else myspace", porque alguém mencionava,a propósito do post do Pasolini,o facto de ter myspace.
Ora, o primeiro resultado a que cheguei foi delirante, a menos que esteja a dirigir-me a uma italiana de Torino (e neste caso, peço já desculpa pelo meu post do "quero ser italiano"), com gostos metaleiros, e com um mood "confused" :)
As imagens da dita Fraulein também são um espanto, nomeadamente aquela em que ela cavalga um tubarão.
Serão os gostos por Pasolini compatíveis com tal myspace, e com a seguinte frase: "heroes- i'm my own hero, and my only limit is me"?? :)

5/15/2009  
Blogger Fräulein Else said...

Ahah!
Admito que fotos de uma jovem italiana a cavalgar um tubarão sejam sugestivas, mas lamento, não é o meu perfil. A apropriação do título da obra de Schnitzler é transnacional...
Tenho perfil, mas é com o meu nome de baptismo.

5/15/2009  
Blogger Lugones said...

Os membros do ângulo apenas têm facebook. O caro Boécio, que tratou disso, resolveu chamar-me Lugones Leopoldinho.
Mas agora, sempre que olhar para a capa de um livro do Schnitzler, imaginarei o terrível tubarão, atacando o incauto leitor, cruel castigo para todos os curiosos e temerários que procuram vislumbrar o myspace dos seus visitantes.

5/16/2009  
Blogger Fräulein Else said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

5/16/2009  
Blogger Lugones said...

Caríssima Fraulein, já fui espreitar o seu link!
A propósito, sabia que o Teatro do Bairro Alto vai apresentar, brevemente, a partir de 28 de Maio, uma adaptação do Romance do Schnitzler? A adaptação terá o nome "A Menina Else".

5/18/2009  
Blogger Fräulein Else said...

Sei sim, Lugones. Espero ir ver a Rita, q foi minha coleguinha.
Não sei que trad. é que o Luís Miguel Cintra se serviu, mas deve ser a q foi publicada pela Cotovia.

5/18/2009  
Blogger Lugones said...

Nunca li a tradução, mas sei que é do José Maria Vieira Mendes que, por sinal, eu conheço.
Lembro-me de ver a Rita Durão representar algumas vezes, e até me causou boa impressão.
Veremos se a adaptação sai bem.

5/18/2009  
Blogger Iacobus said...

Else, foi mais sorte editorial! Perante a incontornável banca da fernesi, deparei com o nome «Traços de Baton», que associei de imediato à dica em inglês do Lugones, e depois foi só comprar ;) Daquelas coisas... Há uns tempos que ando a querer saber mais sobre a I.S. A seguir, será a Antologia da I.S., pela Antígona.
Lerei, sim, Lugones, obrigado!
Abraços

5/18/2009  
Blogger Iacobus said...

O Ricardo da Livraria Trama (para quem ñ conhece o espaço) tb me disse que o Greil Marcus esteve cá há pouco. Ainda que ande por várias vezes a espreitar os placares da Fac de Letras, perdi isso...

5/18/2009  
Anonymous Anónimo said...

Posso apenas dizer que faço parte da leYa...
Preciso dizer mais alguma coisa?

1/26/2010  

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