segunda-feira, maio 04, 2009

O Meu Biopic Dava Uma Vida

Começam a circular, com alguma insistência, novos rumores acerca do biopic sobre John E.T. Smith, falecido, como se sabe, no passado mês de Janeiro. Na página do actor, no imdb ( internet movie database), aparece já, como estando na fase da pré-produção, o filme sobre a sua vida, com o título provisório “An Alien in movie pictures- the John E.T. Smith saga”. Parece-me que este título é, por um lado, uma chalaça um pouco forçada com base no seu apelido (E.T.) e, por outro, uma referência à sua própria vida.
Isto porque E.T. Smith apareceu, um pouco por acaso, no mundo do cinema. Durante as filmagens de “Raging Bully”, o duplo do actor principal, Anthoney Honeymann, de seu nome Edward Black Diamond Jack, apanhou uma insolação, e teve de ficar em repouso durante alguns dias.
Como as filmagens não podiam ser adiadas, procurou-se, de imediato, um duplo para o duplo de Honeymann. Por sorte, o empregado de mesa do restaurante “The Laughing Pig”, próximo do local das filmagens, que se realizavam numa pequena localidade do Arkansas, era, nem mais nem menos, John E.T. Smith, que apresentava muitas semelhanças físicas com Edward Black Diamond Jack.
Durante alguns dias, E.T. Smith estreou-se na difícil arte de “Stuntman”, mimetizando, na perfeição, o duplo Black Diamond Jack.
O seu trabalho foi tão perfeito que, anos depois, quando se realizou o biopic sobre Edward Black Diamond Jack, “Jack of All Aces”, E.T. foi escolhido para dar vida ao personagem principal.
O seu desempenho valeu-lhe vários prémios, em festivais um pouco por todo o mundo, e a nomeação para os Óscares desse ano, tendo ganho o prémio de Melhor Actor Principal.
Curiosamente, o próprio Edward Black Diamond Jack, havia ganho o mesmo prémio, cinco anos antes, pela sua brilhante performance no biopic sobre Anthoney Honeymann, “A Sweet Guy in a Tough World”.
Recorde-se que Anthoney Honeymann teve tudo menos uma vida fácil. Órfão de pai e mãe desde os 3 anos, viveu em orfanatos, até aos 11 anos. Violado continuamente pelos seus educadores, fugiu do orfanato, e foi viver para Nova Iorque, onde levou uma vida de vagabundagem, até ter sido descoberto, por acaso, por Stella Adler, do Actor’s Studio.
Stella Adler comoveu-se com o modo como Honeymann pedia esmola na rua, e lembrou-se de lhe fazer uma audição, pois precisava de um personagem para o biopic sobre Billy B. Wilde, o famoso actor que, por não ter conseguido lidar com a fama e pressão social, enveredou pela via da droga e do crime, acabando por morrer atropelado, quando vivia na rua, como vagabundo, há vários anos.
Honeymann cumpriu na perfeição o seu papel, e tornou-se um actor respeitado durante os 30 anos seguintes.
O seu fim foi, dessa forma, bastante diferente do de Billy B. Wilde que, recorde-se, ficou famoso por desempenhar o papel de James T.Bone Palmer, no biopic dedicado a esse actor dos primórdios do cinema mudo, que se tinha tornado famoso ao desempenhar o papel de Angus Macmuffin, no biopic sobre esse empregado de restaurante, tornado actor por acaso, ao ser descoberto pelos produtores de uma peça, que procuravam uma pessoa com traços físicos semelhantes a Gordon Fitzgerald McCarrick, o malogrado actor, que faleceu com uma insolação, enquanto fazia uma digressão pelo país, numa peça onde desempenhava o papel de John “Many Faces” Bishop, actor vitoriano famoso por desempenhar os papeis de vários personagens históricos.

9 Comments:

Blogger Maria Ostra said...

Descasquei-me a rir! :D Muito bom!!
(Epá, o único John Smith que "conheço" foi capitão da marinha inglesa e apaixonou-se pela Pocahontas.)

(Desafio Lugones, vai ver, hihi..)

5/05/2009  
Blogger Ninguém said...

Apre... Que rodopio!!!
mas pronto, no meio de tanta desgraceira, o senhor lá teve sorte! Isto se eu não me tiver perdido na descrição... :P
Vá, não me critiques! :D

5/05/2009  
Blogger E. A. said...

N gosto de biopics e a moda continua. Se a vida fosse assim tão interessante, n haveria cinema.
"Morte ao autor", sempre.

5/06/2009  
Blogger Lugones said...

Ninguém, sim, de certa forma, o senhor até teve sorte, se o sonho dele for ter um biopic sobre a sua vida (tendo em conta os seus antecedentes, parece-me que gostaria disso).

Maria Ostra, John "Many Faces" Smith desempenhou o papel de vários personagens históricos, entre eles o capitão da Pocahontas!

Papillon, nada de fazer alusões ao Barthes, senão, qualquer dia, ainda temos o Ron Howard a realizar um biopic sobre o homem!
Infelizmente, este aumento de biopics só significa a desinspiração crescente de Hollywood e o desinteresse crescente das pessoas. Neste extremo, a vida só tem existência se copiarem a existência de outros, anteriormente copiada de outros modelos.
Uma vida não dá um filme, quando muito, bem espremida, talvez uma curta metragem, e de animação, para ser minimamente interessante e colorida.

5/06/2009  
Blogger E. A. said...

Depois do biopic do Barthes, fica por fazer "teoria e praxis: vida sexual de Kant", "pescoço meu, existe alguém mais marxista do que eu?" sobre Althusser, etc.

5/06/2009  
Blogger E. A. said...

"Homo sifilis", nietzsche demasiado nietzsche

5/06/2009  
Blogger Lugones said...

Ahah!
Na verdade, chegaram a tentar fazer, em Hollywood, um filme sobre Nietzsche. Ia Chamar-se "Superman" (tirado do Ubermensch alemão). Após diversas zangas, os argumentistas sairam, mas o produtor manteve o título, com uma história totalmente diferente, nascendo daí o filme com o saudoso Cristopher Reeve.

Quanto à vida sexual de Kant, Beckett já tratou disso, com o texto metafórico "À Espera de Godot".

Da triste sorte da mulher do Althusser, não reza a história que tenham feito adaptações!
Partindo do Polanski, poderia ser também "Por Favor não aperte o meu pescoço (marxista)".

Por acaso, até gostei do "Futuro dura muito tempo". Deve ser por causa da minha paixão criminalista :)

5/07/2009  
Anonymous aveugle.papillon said...

Para Nietzsche tb poderia ser: "Dou-te a minha cabeça, Salomé" Desespero e Fome - acto XVIII

5/07/2009  
Anonymous aveugle.papillon said...

A melhor "auto-biografia" q eu conheça de pensadores/filósofos - seres de vidas deprimentes, por isso olham para cima -, é o genial, quase-obrigatório "Confissões" de S. Agostinho.

"Senhor, dai-me reverência e castidade, mas hoje não."

:D

5/08/2009  

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