Carta de Natal de Um Advogado Que Mandou o Currículo Para o Escritório Do Liberdade 21 e Não Obteve Resposta
Ou é matéria do Pai Natal.
Se o assunto a Ti for alheio, Desculpa-me a maçada,
Mas acho que já não faz mal,
Uma vez que És Omnipotente,
Deves ter presente
a minha história banal,
Que publicaram há cerca de um ano, se a memória não me mente,
naquele pasquim virtual,
Pseudo intelectual,
e de tom sardónico,
mas, no fundo, imensamente banal (não há ninguém que o comente),
o ângulo saxofónico.
Nessa carta, se a Tens bem presente
na Tua Imensa Memória,
Queixava-me, com desespero crescente,
da minha triste história,
E tomava a liberdade de Te pedir, na Tua enorme Sapiência Sobrenatural
Que por mim, com bondade, Intercedesses, e me oferecesses um caso banal,
Que pudesse saciar o meu estômago e boca vazia,
De triste praticante da Advocacia.
Eu até dava exemplos de casos que me Pudesses trazer,
Qualquer coisa, até uma simples multa me daria o maior prazer!
Ora bem, Querido Menino Jesus, até tem aparecido um ou outro cliente.
São tudo pessoas afáveis, uma doçura de gente.
Apertam-me com simpatia a sua mão,
Mesmo aqueles que estão atados, na prisão,
com uma data de correntes.
Mas, Querido Menino Jesus, a simpatia não enche os bolsos, que continuam vazios,
Ainda tenho de pedir comida aos meus pais, aos meus vizinhos e aos meus tios.
Porque quando chega a hora de cada um me pagar,
Assiste-se a um estranho fenómeno, começam-se a volatilizar,
E quando quero receber o meu dinheiro,
Já ninguém sabe do seu paradeiro,
E eu fico de mãos a abanar.
Querido Menino Jesus, uma vez que continuo sem nada no meu sapatinho.
Eu to devolvo, atirado pelas minhas próprias mãos, com muito carinho.
Espero que não leves a mal, mas é a única prenda de Natal,
E ofereço-Ta em nome de todos os advogados irados, esfomeados,
Do fundo do nosso coração.
Toma-a, Querido Bem Aventurado,
Este beijo de despedida, Seu cão.
Nota: publicamos esta carta do advogado irado, apenas por simpatia Natalícia, e por se tratar de um terrível drama humano, que merece a nossa compaixão.
Ao Menino Jesus, aos imensos Advogados que repugnarão o conteúdo desta carta demente, e a todos os clientes de Advogados que aqui são maltratados, endereçamos um pedido de desculpas e a todos desejamos um Santo Natal, com muitas prendas no Sapatinho.