terça-feira, setembro 23, 2008

Morângulos Na América

Passaram-se alguns meses desde a última aventura dos nossos amigos. Os BAL’Z ficaram sem contrato discográfico, e foram substituídos por outra banda, os Terror Bicolor.
Por mau comportamento, o Buécio foi obrigado pelos pais a frequentar um Curso de Filosofia Analítica nos Estados Unidos, pelo período de um ano.
Descontente, e com saudades dos seus amigos, das ondas de Carcavelos e do Bar Galhada, Buécio entra numa depressão e eis que o encontramos mesmo junto às cataratas do Niagara, numa triste tarde de final de Verão. Que faz ele com a sua prancha na mão?


Buécio (para si mesmo)- bolas, os meus cotas são, tipo, bué da chatos. Queria eu tar, like, you know, no Bar Galhada, todo o Verão, a curtir umas ondas, e aqui nem há minis, muito menos Sagres, e faz bué da frio, e as babes são, like, you know, gordas, e nem se descascam, nem nada. Tou farto d’ouvir as gajas a falar de Pirsse, Willian Janes, Vi-ite Guen Chetéine, e essas tretas todas. Ai….que saudades tenho do Alga, esse puto marado, e do Low, tantas ondas partimos juntos….e a minha Safinha, onde estará? Deve tar a comer o vocalista dos Terror Bicolor, e já se deve ter, tipo, you know, esquecido de mim….bem, já não aguento mais esta cena, vou, tipo, amandar-me daqui de cima destas escataratas, ou como dizem por aqui, em americano, : “O ata foles”.
Buécio prepara a sua prancha e coloca-a à beira do precipício.
Buécio- bye bye, vida sofrida e sem nexo! Acabaram-se os créditos! Game over!
Buécio fecha os olhos e dá um passo em frente, preparando-se para cair no vazio. No último instante, é segurado em ambos os braços por duas personagens nossas bem conhecidas.
Buécio (olhando para os lados)- Low, Alga!! Salvaram-me a vida (com as lágrimas nos olhos). …não, esperem, eu ia tipo, you know, amandar um ganda mergulho daqui de cima, pa recordar as gandas ondas lá em Carcavelos, e vocês aparecem, tipo, assim, de repente, vindos tipo, out of nowhere, e eu fiquei, tipo, marado, c’a cena bué fora!
Alga- yá, puto, távamos, tipo, com saudades tuas, e as aulas ainda não começaram porque, tipo, ainda há um corredor do Colégio sem rede de telemóvel, e os alunos, tipo, fizeram greve!
Low- yá, chaval, eu tentei com o meu novo topo de gama, geração hiper digital sem fios pós-pago 4.8, e nem eu consegui um acesso de jeito à net, demorei, tipo, 10 segundos a aceder!
Alga- yá, e os alunos não queriam, tipo, começar as aulas sem condições mínimas, e a gente tá, tipo, em greve!
Low- e os cotas, pa não nos deixarem, tipo, sozinhos em casa, pagaram-nos, tipo, a viagem pó States. E tu, tas a curtir esta cena?
Buécio-yá, puto, as gajas, são, tipo, bué maradas e boas e nem é preciso, you know, falar com elas, tás a ver, basta, tipo olhares, e levas-las logo pá cama! Tou a curtir mesmo bués bués.
Alga, Low- então, chaval, e não ias saltar??
Buécio (após uma leve hesitação)- yá, bora!!!
Os três compinchas trocam um olhar cúmplice, transbordando amizade. Depois, em cima das pranchas, dão um salto para o interior das cataratas.
Todos- wow, isto é melhor do que a sétima onda!!!

P.S. caso os nossos leitores fiquem preocupados com a eventual queda e desaparecimento dos nossos personagens nas cataratas, podemos afiançar-lhes que eles foram vistos no dia seguinte, na segunda fila do Auditório da Universidade de Buffalo, N. Y. , assistindo refasteladamente a uma conferência cujo título era: “ A Filosofia Analítica e o Caminho Para a Felicidade: O Conceito de Angústia em Quine”.

sexta-feira, setembro 19, 2008

Astronomy Domine, 1967

Richard Wright 1943-2008


Rick Wright foi um membro fundador dos Pink Floyd. Juntamente com Roger Waters e Nick Mason deu origem à primeira formação da banda, que pouco depois recrutou Syd Barrett (que recentemente partiu de vez deste mundo). Rick era o responsável pelas teclas do grupo. Era também o portador de uma voz suave, calma e delicada, que muitas vezes serviu de apoio às vozes principais de Barrett, Waters ou Gilmour. Era o membro mais discreto da banda. A sua discrição terá levado à partida de Waters e à dissolução final da banda. Gostaria de destacar pelo menos três coisas extraordinárias que deixou neste mundo: a voz e as teclas, ambas magníficas, em Astronomy Domine (video que se segue), as composições The Great Gig in the Sky e Us and Them, sem as quais Dark Side of the Moon seria outra coisa, e toda a atmosfera de Wish You Were Here. Faleceu na terça feira, dia 16 de Setembro, vítima de cancro.

domingo, setembro 14, 2008

O Neal Cassady Do Rio Alva

Queria pedir desculpa ao caro Joaquim Nando por ainda não ter publicado a segunda parte do seu post mas, por motivos de saúde, estive uns dias afastado do computador, e não me apeteceu passar o seu texto para o computador. Em breve o farei, fica prometido!
Por agora, publico um texto alheio, da autoria de Osvaldo Manuel Silvestre, saído no blog "Os Livros Ardem Mal", e que fala do belíssimo filme "Aquele Querido Mês de Agosto", de Miguel Gomes e, muito particularmente, do meu querido amigo Paulo Moleiro.
As palavras de Osvaldo Manuel Silvestre fazem, pela primeira vez, jus à grandeza deste Homem com H muito grande.
Um abraço, Paulo!

Aquele querido mês de Agosto (III)

quinta-feira, setembro 11, 2008

O post escrito por Joaquim Nando- parte 1- introdução

Permitam que me apresente: o meu nome é Joaquim Nando. Fiz parte, em tempos, de um blog chamado “A Vida de Joaquim Nando”. Contudo, apesar de nesse blog contar a minha vida, o meu nome não é Joaquim Nando. Nem sequer sou Joaquim. Muito menos Nando. E, apesar de, nesse blog, contar a minha vida, não era mesmo a minha vida. Era a vida do Joaquim Nando. Que não sou eu.
Agora, sou autor deste post. Nem sou, sequer, seu autor. Porque, no ângulo, sou comentador. E este post será creditado ao Lugones, ao Boécio, ao Algazel ou à Safo. Ora, eu não sou nenhum deles. Porque eu sou o Joaquim Nando. Que nem sequer sou eu. Nem eles se chamam Boécio, Algazel, Safo ou Lugones (acho eu, que não os conheço). Apenas conheço a máscara de pétalas de papoila vermelha que um deles envergava hoje, quando apanhou o meu manuscrito. Vi-o de relance, quando olhei para trás. Sei que não devia ter olhado para trás, porque eu prometi não o fazer. Mas eu sou o Joaquim Nando e faço coisas dessas. Ou não sou, mas sou-o, quando olho para trás, de soslaio, ou quando olho para trás, de soslaio, deixo de ser o Joaquim Nando e passo a ser eu, ou um personagem do Ângulo, essa hidra literária ou Cérbero pós-moderno.
Mas estou a divagar. Vou agora publicar o meu texto. Ou o texto do Ângulo, escrito pelo Joaquim, que não é Nando, nem Joaquim, apenas eu, que não sou eu, mas a Safo ou o Boécio ou o Algazel ou o Lugones.
Sei que os autores deste blog gostam de literatura latino-americana. Ora, eu estive, há uns meses, a frequentar o primeiro ano do Curso de Espanhol do Instituto Cervantes. Vou fazer o meu melhor e tentar escrever um texto em espanhol, com os meus fracos recursos de aluno de A1. Aqui vai ele. Obrigado.


(continua)

Substabelecimento

Sem reserva, substabeleço no Exmo. Senhor Joaquim Nando, com nº B.I. desconhecido, nº contribuinte desconhecido e morada desconhecida, os poderes que me foram conferidos por alturas da formação deste blog, ou seja, escrever uns posts, colocar um ou outro vídeo, e dialogar com os comentadores.
Estes poderes restringem-se, salvo decisão em contrário, a apenas UM POST.

Uma das cabeças desta Hidra ou Cérbero pós-moderno ou, mais simplesmente, um dos seus humildes escribas,


(L. Lugones)

Nota da redacção: publicaremos o texto de Joaquim Nando na íntegra, tal como o recebemos hoje, dentro de um envelope. Por isso, não modificámos uma ou outra gralha que lá aparecia.
Publicamos também o texto de introdução, que vinha juntamente com o post propriamente dito. Como os dois textos juntos são bastante extensos, resolvi separar o post em duas partes. A primeira parte contém a introdução (que é um pouco confusa). A segunda parte conterá o texto “literário” propriamente dito.

segunda-feira, setembro 01, 2008

O Espólio do Desaparecido Romualdo Castelo

Continuam a ser descobertos escritos de Romualdo Castelo, cujo paradeiro se desconhece, desde que, há cerca de um ano e meio, partiu em busca da neta de Cesárea Tinajero.
Romualdo Castelo tinha publicado, até àquela data, um Romance (Os Tenores Malignos), e um Livro de Contos (O Riso Diagonal), além de vários poemas dispersos em diversas casas de banho públicas do país inteiro.
Vêem agora a lume diversos textos seus, até agora inéditos, e que foram disponibilizados pelos seus amigos. Assim, e até ao final deste ano, serão publicados pelas edições Paris/China, as seguintes obras:
1- “Mails de Amor” (com lançamento previsto para finais de Setembro)- segundo Jodi Galo, o biógrafo de Romualdo Castelo, estes mails de amor “lançam um novo olhar sobre a personalidade do autor, e mostram que este era um homem sensível, capaz de criar ternas palavras, arrebatadas de paixão” .
2- “Correspondências de Messenger, Trocadas Com Amigos” (com lançamento previsto para meados de Outubro)- nestes textos, teremos contacto com o “pensamento directo, sem filtros, ou correcções posteriores por parte do escritor. Os temas versados em conversas de Messenger passam pela realidade quotidiana mais prosaica, como os momentos em que o autor diz aos amigos que vai jantar e já volta, até pensamentos mais profundos, como temas versando sobre a morte ou preocupações monetárias”.
3- Sairá também, até ao fim do ano, o primeiro volume de contos extraídos das famosas Pen Drives, encontradas numa gaveta na casa do autor. Segundo os entendidos, a catalogação do material encontrados nessas Pens Drives deverá demorar ainda alguns meses a ser concluída. Para já, sairá o Primeiro Volume: “Contos da Nashua Media Products 2GB N830”.
Suspeita-se ainda que Romualdo Castelo seja o autor de, pelo menos, 2 blogs. Há um terceiro blog que está a ser analisado por especialistas, para se saber se a sua autoria é, de facto, deste escritor.