Não Leia Na Diagonal! Assine Esta Petição, e Faça, Neste Natal, Uma Boa Acção
Seja como for, comecei, a interessar-me, vagamente, pelos Direitos dos Animais, apenas na Faculdade. E isto deveu-se a motivos que consideraria tudo menos altruístas. Uma tarde, encontrei uma bela miúda a distribuir panfletos. Cheio de curiosidade, aproximei-me, e tentei entabular conversa:
- Então, estudas por aqui? Estás a distribuir panfletos sobre a Festa do Baptismo do Vómito ao Caloiro?
A rapariga dirigiu-me um olhar gélido, e cheio de desprezo, que me fez estremecer, e que nunca esquecerei. Sem me responder, deu-me um panfleto, para a mão. O panfleto mostrava um touro, a esvair-se em sangue, e com uma legenda, que dizia o seguinte:
- Homem, homem, porque me persegues? (numa inteligente alusão ao momento da conversão de São Paulo de Tarso, no seu caminho para Damasco).
Foi como se um resplendor de luz tivesse caído do Céu, e me tivesse iluminado, naquele glorioso instante. A partir daquele dia, tornei-me, durante dois anos, um fervoroso opositor das touradas, garraiadas, largadas, e tudo o que estivesse levemente relacionado com a humilhação dos Touros. Esses anos coincidiram com o meu namoro com a activista dos direitos dos animais, acima mencionada.
Fiz parte das “Jornadas Ibéricas contra os touros de morte”, do Movimento “Transformem as Praças de Touros em museus contra o holocausto taurino”, do Movimento Politico “Fuzilamento imediato de todos os Toureiros” e autor do famoso slogan “O Bom forcado está enforcado”.
Mas tudo o que é bom acaba. Zanguei-me com a minha namorada, e abandonei a causa taurina. Entretive-me a acabar o Curso, a arranjar um emprego num Escritório, onde fiquei durante uns anos.
A minha promissora carreira na Luta pelos Direitos dos Seres Vivos mais Desprotegidos poderia ter ficado por aqui, caso não tivesse recebido um email, que se revelou providencial.
No email, pediam para assinar uma petição, para salvar o Robert. Tratava-se de um gato siamês, com 5 anos de idade, e que era usado como cobaia, para todo o tipo de experiências, na Universidade de Utah.
Comovi-me, ao ver as fotos do bicho. E resolvi assinar a petição.
Posso dizer, com orgulho, que a minha assinatura (juntamente com outras 15 mil) contribuiu para libertar o Robert das garras dos seus temíveis captores.
Entusiasmado, juntei-me a várias Associações de Defesa dos Animais, que me inundavam a caixa de correio com novos (e urgentes) pedidos.
Fazem parte do meu currículo (entre muitas outras), as assinaturas de petições para libertar os seguintes animais:
. A Chimpanzé Wanda (usada em experiências da NASA), em Novembro de 2008…
. O elefante Tommy (usado em diversos, e repugnantes truques de circo), em Fevereiro de 2008…
. O golfinho Malaquias (utilizado num Zoomarine, no Estado de Rio Grande do Sul, no Brasil), em Julho de 2007…
. A família de focas McCormack (um conjunto de 20 focas, que estava prestes a ser chacinada nas Ilhas Faroe), em Abril de 2006…
. A defesa de fungos e pequenos microorganismos (que estavam em vias de ser exterminados, na construção de um resort de luxo, nas Seychelles), em Outubro de 2005…
E tantos outros acontecimentos….
Abandonei o emprego no Escritório, tornei-me vegetariano, e passei a fazer parte da Direcção de uma famosa Associação de Defesa dos Animais. Participei em centenas de Colóquios, e Acções de Formação. Os meus trabalhos teóricos estão editados em várias línguas, e assinava colunas de opinião em, pelo menos, cinco blogs.
Mas, cá dentro de mim, e da minha consciência, continuava a haver inquietação, inquietação. Era só inquietação. Porquê? Não sabia, não sabia ainda. Mas havia qualquer coisa que estava para acontecer, qualquer coisa que eu devia perceber. Qualquer coisa que eu tinha de fazer, que devia resolver. Porquê? Não sabia. Mas sabia que essa coisa é que era linda.
A expressão Serendipidade advém da palavra inglesa Serendipity, e foi criada pelo escritor inglês Horace Walpole, no Século XVIII.
Segundo o meu entendimento, trata-se de um neologismo, que se refere às descobertas afortunadas feitas, aparentemente, por acaso.
Devo a uma refeição vegetariana, ocorrida num restaurante (lá para os lados do Príncipe Real) a descoberta da minha nova vocação. Não sei se a expressão serendipidade se aplicará, verdadeiramente, ao meu caso. Mas, se eu não me tivesse tornado vegetariano; se não sentisse um profundo envolvimento na luta de todos os seres vivos desprotegidos; e se não tivesse feito a fatal pergunta ao meu amigo Manuel…nada disto teria ocorrido.
Foi durante o jantar. O Manuel devorava, imensamente, satisfeito, uma pratada de tofu, quando resolvi colocar-lhe A questão:
- Manuel, de que é feito o tofu?
Com a boca cheia, respondeu-me:
- O tofu é um alimento produzido a partir da soja.
Insatisfeito com a resposta, perguntei-lhe:
- Manuel, o que é a soja?
Com a boca cheia, respondeu-me:
- A soja é um grão rico em proteínas, cultivado como alimento, tanto para humanos, como para animais. Pertence à família Fabaceae (leguminosa), assim como o feijão, a lentilha, e a ervilha.
Insatisfeito com a resposta, perguntei-lhe:
- Manuel, o que é o grão?
Com a boca cheia, respondeu-me:
- O grão é um tipo de fruto, com uma semente presa ao pericarpo, em toda a sua extensão.
Insatisfeito com a resposta, perguntei-lhe:
- Manuel, o que é um fruto?
Com a boca cheia, respondeu-me:
- Em termos botânicos, o fruto é uma estrutura presente em todas as angiospermas. Deriva do ovário das flores.
Insatisfeito com a resposta, perguntei-lhe:
- Manuel, o que são flores?
Com a boca cheia, respondeu-me:
- A flor é a parte das plantas onde se encontram os seus órgãos sexuais.
Insatisfeito com a resposta, perguntei-lhe:
- Manuel, o que são as plantas?
Com a boca cheia, respondeu-me:
- Ora, como todos sabem, o Reino Plantae, Metaphyta, ou Vegetabilia, é um dos principais grupos em que se divide a vida na Terra…
Entusiasmado com a descoberta, gritei:
- Então, se a planta é um Ser Vivo, estamos, neste momento, a devorar Seres Vivos!
Com a boca cheia, o Manuel respondeu-me:
- Ora, obviamente! Pensavas que estávamos a comer calhaus?
Indiferente à indiferença do Manuel, cuspi, de imediato, toda a comida que me restava na boca, e pousei os talheres sobre aquele prato de cadáveres plantícios.
Naquela noite, abandonei a Direcção da Associação de Defesa de Animais, e passei a dedicar-me, com afinco, à Associação de Defesa de Plantas, que criei, entretanto, e da qual sou o Presidente.
Apesar de a nossa actividade ter começado muito recentemente, já fizemos algumas acções dignas de relevo, das quais destaco:
- O bombardeamento, com Cocktails Molotov, de um restaurante vegetariano, sito perto da Avenida da República, em Novembro de 2009.
- O rapto de um famoso cozinheiro de pratos vegetarianos, em Outubro de 2009.
- O Protesto em frente à Assembleia da República, com cartazes alusivos ao tema, e com direito a uma nota de rodapé na Dica da Semana, na sua Edição de 25 de Setembro de 2009.
Caro amigo, graças a sua assinatura nesta Petição, conseguimos libertar dois quilogramas de seitan, e cinco quilogramas de tofu, que poderão, desta forma, passar um Natal em Segurança.
Mas a luta está apenas no início!
Quanto à pergunta que me fazem com mais frequência: “Como é que se alimenta, caraças?”, posso, somente, responder, que estou a desenvolver um método próprio de Fotossíntese, que me permitirá, no futuro, acumular energia a partir da luz, para uso no meu metabolismo.
Até conseguir processar a Fotossíntese no meu corpo (tarefa que deverá durar algum tempo a ser aperfeiçoada), limito-me a comer bolachas de água e sal. Como é do conhecimento público, o sal é um composto iónico, e a água é uma substância química. Por isso, não há problema.
Obrigado, de novo, pelo seu interesse. O seu envolvimento é realmente importante.
Com os melhores cumprimentos, subscrevo-me, com amizade
O Presidente da AMDTS- Associação Mundial de Defesa do Tofu e do Seitan
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