domingo, abril 27, 2008
quarta-feira, abril 23, 2008
sábado, abril 19, 2008
Oh Não! Outra Vez Os Morângulos Com Açúcar! Episódio 15,5
Mesa do Bar Galhada. Alga, Low e Buécio comem grandes pratos de comida, com muitas batatas fritas e ketchup. Safinha não come nada e olha para a lista, nervosa.
Buécio- Safinha, babe, então, não decides o que vais comer? Tás, tipo, há meia hora a olhar pá ementa.
Alga- Yá, bacana, não queres um bocado do meu Panda Estufado, à moda da Fronteira Paris/China? Tá bué da nice
Safinha- não...olhem, eu tou, tipo, mal disposta, acho que não vou comer nada
Low- tás marada, Safinha? Tens de pedir alguma coisa!
Buécio- yá, babe, hoje ainda não morfaste nada, qu’eu bem vi!
Low- é verdade, Safinha? Por isso é que tás a ficar assim, tipo, bué magrelas.
Safinha (gritando)- eu não estou magra, estou um pote!
Buécio, Low, Alga- tás marada, chavala?
Safinha- vocês não m’enganam! Tou bué de gorda! E não vou comer mais nada até emagrecer mais, tipo, 5 kilos!
Alga- people, a Safinha deve tar doente.
Buécio- Yá babe, tás tipo, com um dilúvio alimentar!
Alga- distúrbio alimentar, Buécio
Buécio- yá, essa cena!
Low- man, já ouvi falar disso! A Safinha deve tar tipo com aquela cena da nora ética!
Buécio, Safinha, Alga- a nora ética?
Low- Yá, people, aquilo da nora é que fia.
Alga- anorexia?
Low- Yá, meu! Tás lá!
Buécio- é verdade, môr?
Safinha- não é nada, que disparate! Ontem comi, tipo, duas ervilhas e só vomitei uma delas.
Alga- Safinha, então é isso! Tás, tipo, na negação, mas tás, tipo, doente e precisas de ser tratada!
Buécio- mas a anoremia não acontece, tipo, só às modelos?
Alga- não, man, isso é tipo, um mito, tás a ver?
Low- yá, isso é verdade! Eu tenho, tipo, uma vizinha que é bué bué feia, e tem essa cena!
Alga- é verdade, chaval, a minha profe de piano é bué de cota e tem borbulhas, é coxa e também tem isso. E mais, não acontece só às mulheres!
Buécio- a sério? Que maradice!
Low- yá, puto, agora que falas nisso, é verdade! O meu pai também tem essa cena!
Buécio, Alga, Safinha- o teu pai???
Low- yá, bacanos! O gajo não come nem carne nem peixe!
Alga- Low, acho que tás todo aparvalhado! Isso é ser vegetariano!
Low- vegetariano? Mas esses gajos não são todos paneleiros e inte..intle...intlectoanimais....sei lá...esse pessoal dos livros?
Buécio- não, Low...que maradice! Há alguns vegetarianos que não são assim!
Alga- mas Safinha, tens de te curar! Se ficares com isto, ficas bué de magra!
Safinha- mas eu quero ser magra, não tás a p’ceber?
Alga- yá, mas ficas assim tão bué magra que já nem tens roupa que te sirva, fica, tipo tudo bué largo e a cair-te e não podes ir áquelas lojas todas de roupas que tu curtes bué!
Low- Yá, e ficas tão magra, tipo, como aquelas norépicas que aparecem, tipo, nas notícias, nos campos de refogados e ficas também, tipo, com moscas à tua volta!
Alga- Low, tás a confundir. Isso acontece é, tipo, às crianças em África, tás a ver? Essas não são anorécticas.
Low- Ah, Yá, Alga, confundi-me todo, que cena
Alga- mas Safinha, quando ficares bué bué magra,depois, tens de usar a roupa da tua mana de 8 anos!
Safinha- que horror, man! As roupas dela são bué da fatelas! Antes morrer q’andar assim vestida!
Alga- yá, mas a anorexia é uma doença bué má, e se continuares assim, morres mesmo!
Safinha- a sério??
Buécio- yá, babe!
Safinha- mas eu q’ria tanto, tipo, ficar boa!
Buécio- faz um esforço, miúda! O pessoal tá aqui pa te ajudar!
Safinha fecha os olhos e começa a concentrar-se e a fazer um esgar de sofrimento
Safinha (passado 30 segundos)- pronto....acho que já está...Empregado! Traz-me um prato com a especialidade da casa, as Tripas Recheadas com Sangue, à Moda do Homem do Bar Galhada! E quero...tipo, cheio de ketchup!
O Assistente do Homem do Bar Galhada traz um prato cheio de comida para Safinha
Safinha- Putos, estou curada, depois de muito sofrimento, e graças a vocês!
Buécio- yá, babe! E mesmo a tempo do fim do episódio! Isto é sempre a bombar!
Alga- e divulgámos, tipo, mais um problema de saúde que afecta os jovens!
Buécio- por falar em saúde, tou, tipo com dores de cabeça. Será, tipo, um tenor no cérebro?
Fim do Episódio
Genérico final, com a música dos BAL’Z “Vou comer-te toda (mal passada)”
Buécio- Safinha, babe, então, não decides o que vais comer? Tás, tipo, há meia hora a olhar pá ementa.
Alga- Yá, bacana, não queres um bocado do meu Panda Estufado, à moda da Fronteira Paris/China? Tá bué da nice
Safinha- não...olhem, eu tou, tipo, mal disposta, acho que não vou comer nada
Low- tás marada, Safinha? Tens de pedir alguma coisa!
Buécio- yá, babe, hoje ainda não morfaste nada, qu’eu bem vi!
Low- é verdade, Safinha? Por isso é que tás a ficar assim, tipo, bué magrelas.
Safinha (gritando)- eu não estou magra, estou um pote!
Buécio, Low, Alga- tás marada, chavala?
Safinha- vocês não m’enganam! Tou bué de gorda! E não vou comer mais nada até emagrecer mais, tipo, 5 kilos!
Alga- people, a Safinha deve tar doente.
Buécio- Yá babe, tás tipo, com um dilúvio alimentar!
Alga- distúrbio alimentar, Buécio
Buécio- yá, essa cena!
Low- man, já ouvi falar disso! A Safinha deve tar tipo com aquela cena da nora ética!
Buécio, Safinha, Alga- a nora ética?
Low- Yá, people, aquilo da nora é que fia.
Alga- anorexia?
Low- Yá, meu! Tás lá!
Buécio- é verdade, môr?
Safinha- não é nada, que disparate! Ontem comi, tipo, duas ervilhas e só vomitei uma delas.
Alga- Safinha, então é isso! Tás, tipo, na negação, mas tás, tipo, doente e precisas de ser tratada!
Buécio- mas a anoremia não acontece, tipo, só às modelos?
Alga- não, man, isso é tipo, um mito, tás a ver?
Low- yá, isso é verdade! Eu tenho, tipo, uma vizinha que é bué bué feia, e tem essa cena!
Alga- é verdade, chaval, a minha profe de piano é bué de cota e tem borbulhas, é coxa e também tem isso. E mais, não acontece só às mulheres!
Buécio- a sério? Que maradice!
Low- yá, puto, agora que falas nisso, é verdade! O meu pai também tem essa cena!
Buécio, Alga, Safinha- o teu pai???
Low- yá, bacanos! O gajo não come nem carne nem peixe!
Alga- Low, acho que tás todo aparvalhado! Isso é ser vegetariano!
Low- vegetariano? Mas esses gajos não são todos paneleiros e inte..intle...intlectoanimais....sei lá...esse pessoal dos livros?
Buécio- não, Low...que maradice! Há alguns vegetarianos que não são assim!
Alga- mas Safinha, tens de te curar! Se ficares com isto, ficas bué de magra!
Safinha- mas eu quero ser magra, não tás a p’ceber?
Alga- yá, mas ficas assim tão bué magra que já nem tens roupa que te sirva, fica, tipo tudo bué largo e a cair-te e não podes ir áquelas lojas todas de roupas que tu curtes bué!
Low- Yá, e ficas tão magra, tipo, como aquelas norépicas que aparecem, tipo, nas notícias, nos campos de refogados e ficas também, tipo, com moscas à tua volta!
Alga- Low, tás a confundir. Isso acontece é, tipo, às crianças em África, tás a ver? Essas não são anorécticas.
Low- Ah, Yá, Alga, confundi-me todo, que cena
Alga- mas Safinha, quando ficares bué bué magra,depois, tens de usar a roupa da tua mana de 8 anos!
Safinha- que horror, man! As roupas dela são bué da fatelas! Antes morrer q’andar assim vestida!
Alga- yá, mas a anorexia é uma doença bué má, e se continuares assim, morres mesmo!
Safinha- a sério??
Buécio- yá, babe!
Safinha- mas eu q’ria tanto, tipo, ficar boa!
Buécio- faz um esforço, miúda! O pessoal tá aqui pa te ajudar!
Safinha fecha os olhos e começa a concentrar-se e a fazer um esgar de sofrimento
Safinha (passado 30 segundos)- pronto....acho que já está...Empregado! Traz-me um prato com a especialidade da casa, as Tripas Recheadas com Sangue, à Moda do Homem do Bar Galhada! E quero...tipo, cheio de ketchup!
O Assistente do Homem do Bar Galhada traz um prato cheio de comida para Safinha
Safinha- Putos, estou curada, depois de muito sofrimento, e graças a vocês!
Buécio- yá, babe! E mesmo a tempo do fim do episódio! Isto é sempre a bombar!
Alga- e divulgámos, tipo, mais um problema de saúde que afecta os jovens!
Buécio- por falar em saúde, tou, tipo com dores de cabeça. Será, tipo, um tenor no cérebro?
Fim do Episódio
Genérico final, com a música dos BAL’Z “Vou comer-te toda (mal passada)”
quinta-feira, abril 17, 2008
Contos de Embalar: 1- A Barata
Tendo voltado tarde para casa, esmaguei uma barata que, no corredor, me escapava entre os pés (ficou lá, preta, no ladrilho). Depois, entrei no quarto.
Ela dormia, deitei-me ao seu lado, apaguei a luz, da janela aberta via um pedaço de parede e o céu. Estava calor, não conseguia dormir, velhas histórias renasciam dentro de mim, dúvidas também, uma genérica desconfiança no amanhã. Ela soltou um pequeno lamento. “O que foi?”, perguntei. Ela abriu um olho, grande, sem me ver, e murmurou: “Tenho medo de morrer”. “Medo de quê?? Porquê?”. Respondeu: “Tive um sonho...”. Aproximou-se um pouco. “Mas o que é que tu sonhaste?” “Sonhei que estava no campo, estava sentada na margem de um rio e ouvi gritos ao longe....E eu devia morrer.” “Na margem de um rio?” “Sim.”, respondeu, “ouvia as rãs..faziam crac...crac..” “Bem, dorme, já são quase duas horas.” “Duas horas?”, mas já não consegui ouvir mais nada, ela voltou a adormecer.
Apaguei a luz e ouvi alguém no pátio. Depois, surgiu o latido de um cão, agudo e longo; parecia lamentar-se. Depois, abriu-se uma persiana (ou fechou-se?). Longe, muito longe, mas talvez eu me enganasse, uma criança pôs-se a chorar. Depois, novamente o ulular do cão, longo, como antes. Eu não conseguia dormir.
Vozes de homens vieram de alguma outra janela. Eram baixas, como murmuradas entre o sono.
No andar de baixo, ouvi um bater de asas e um chilrear.
“Florio!”, ouviu-se chamar de repente, devia ser duas ou três casas mais adiante.
“Florio!”, parecia uma mulher, mulher angustiada, que tivesse perdido o filho.
Mas porque é que o canário do andar de baixo acordara? O que havia? Com um rangido lamentoso, como se fosse empurrada devagarinho por alguém que não queria fazer-se ouvir, uma porta abriu-se num qualquer lugar da casa. Tanta gente acordada a esta hora, pensei. Estranho, a esta hora.
“Tenho medo, tenho medo”, queixou-se ela, procurando-me com o braço. “Oh Maria”, perguntei. “O que é que tu tens?”. Respondeu com voz ténue: “Tenho medo de morrer.” “Tu sonhaste de novo?” Anuiu, devagarinho, com a cabeça. “De novo, com aqueles gritos?” Fez sinal que sim. “E tu ias morrer?” Sim, sim, indicava, procurando olhar-me, com as pálpebras grudadas pelo sono.
Passa-se alguma coisa, pensei: ela sonha, o cão uiva, o canário acorda, as pessoas levantam-se e falam, ela sonha com a morte, como se todos tivessem sentido alguma coisa, uma presença. Oh, o sono não vinha e as estrelas passavam. Ouvi distintamente no pátio o ruído de um fósforo aceso. Porque é que alguém se punha a fumar às 3 horas da manhã? Então, senti sede, levantei-me e saí do quarto para beber água. A triste lâmpada do corredor estava acesa, reparei vagamente na mancha preta no ladrilho e parei, assustado. Olhei: a mancha preta movia-se. Ou melhor, movia-se um pedacinho (ela sonha que vai morrer, o cão uiva, o canário acorda, pessoas levantam-se, uma mãe chama o filho, as portas rangem, alguém fuma, e há talvez um choro de criança).
Durante duas horas e meia, dentro da noite- senti um calafrio- , o imundo insecto grudado no ladrilho pelas suas próprias mucilagens viscerais, durante duas horas e meia continuara a morrer e ainda não acabara.
Continuava, maravilhosamente, a morrer, transmitindo, com a última patinha, a sua mensagem. Mas quem a podia colher às três da manhã, na escuridão do corredor de uma pensão desconhecida? Duas horas e meia, pensei, continuamente para cima e para baixo, a última porção de vida na perninha sobrevivente, para invocar justiça. O pranto de uma criança- lera um dia- basta para envenenar o mundo. No seu coração, Deus omnipotente quisera que certas coisas não acontecessem, mas não pôde impedi-lo, porque por ele mesmo foi decidido. Mas uma sombra jaz ainda sobre nós. Esmaguei o insecto com o chinelo e, esfregando no chão, esmigalhei-o num longo rasto cinza.
Então, finalmente, o cão calou-se, ela, no sono, acalmou-se e quase parecia sorrir, as vozes apagaram-se, calou-se a mãe, não se percebeu mais nenhum sintoma de sobressalto no canário, a noite recomeçava a passar sobre a casa cansada, a morte fora inchar a sua inquietude noutras partes do mundo.
Ela dormia, deitei-me ao seu lado, apaguei a luz, da janela aberta via um pedaço de parede e o céu. Estava calor, não conseguia dormir, velhas histórias renasciam dentro de mim, dúvidas também, uma genérica desconfiança no amanhã. Ela soltou um pequeno lamento. “O que foi?”, perguntei. Ela abriu um olho, grande, sem me ver, e murmurou: “Tenho medo de morrer”. “Medo de quê?? Porquê?”. Respondeu: “Tive um sonho...”. Aproximou-se um pouco. “Mas o que é que tu sonhaste?” “Sonhei que estava no campo, estava sentada na margem de um rio e ouvi gritos ao longe....E eu devia morrer.” “Na margem de um rio?” “Sim.”, respondeu, “ouvia as rãs..faziam crac...crac..” “Bem, dorme, já são quase duas horas.” “Duas horas?”, mas já não consegui ouvir mais nada, ela voltou a adormecer.
Apaguei a luz e ouvi alguém no pátio. Depois, surgiu o latido de um cão, agudo e longo; parecia lamentar-se. Depois, abriu-se uma persiana (ou fechou-se?). Longe, muito longe, mas talvez eu me enganasse, uma criança pôs-se a chorar. Depois, novamente o ulular do cão, longo, como antes. Eu não conseguia dormir.
Vozes de homens vieram de alguma outra janela. Eram baixas, como murmuradas entre o sono.
No andar de baixo, ouvi um bater de asas e um chilrear.
“Florio!”, ouviu-se chamar de repente, devia ser duas ou três casas mais adiante.
“Florio!”, parecia uma mulher, mulher angustiada, que tivesse perdido o filho.
Mas porque é que o canário do andar de baixo acordara? O que havia? Com um rangido lamentoso, como se fosse empurrada devagarinho por alguém que não queria fazer-se ouvir, uma porta abriu-se num qualquer lugar da casa. Tanta gente acordada a esta hora, pensei. Estranho, a esta hora.
“Tenho medo, tenho medo”, queixou-se ela, procurando-me com o braço. “Oh Maria”, perguntei. “O que é que tu tens?”. Respondeu com voz ténue: “Tenho medo de morrer.” “Tu sonhaste de novo?” Anuiu, devagarinho, com a cabeça. “De novo, com aqueles gritos?” Fez sinal que sim. “E tu ias morrer?” Sim, sim, indicava, procurando olhar-me, com as pálpebras grudadas pelo sono.
Passa-se alguma coisa, pensei: ela sonha, o cão uiva, o canário acorda, as pessoas levantam-se e falam, ela sonha com a morte, como se todos tivessem sentido alguma coisa, uma presença. Oh, o sono não vinha e as estrelas passavam. Ouvi distintamente no pátio o ruído de um fósforo aceso. Porque é que alguém se punha a fumar às 3 horas da manhã? Então, senti sede, levantei-me e saí do quarto para beber água. A triste lâmpada do corredor estava acesa, reparei vagamente na mancha preta no ladrilho e parei, assustado. Olhei: a mancha preta movia-se. Ou melhor, movia-se um pedacinho (ela sonha que vai morrer, o cão uiva, o canário acorda, pessoas levantam-se, uma mãe chama o filho, as portas rangem, alguém fuma, e há talvez um choro de criança).
Durante duas horas e meia, dentro da noite- senti um calafrio- , o imundo insecto grudado no ladrilho pelas suas próprias mucilagens viscerais, durante duas horas e meia continuara a morrer e ainda não acabara.
Continuava, maravilhosamente, a morrer, transmitindo, com a última patinha, a sua mensagem. Mas quem a podia colher às três da manhã, na escuridão do corredor de uma pensão desconhecida? Duas horas e meia, pensei, continuamente para cima e para baixo, a última porção de vida na perninha sobrevivente, para invocar justiça. O pranto de uma criança- lera um dia- basta para envenenar o mundo. No seu coração, Deus omnipotente quisera que certas coisas não acontecessem, mas não pôde impedi-lo, porque por ele mesmo foi decidido. Mas uma sombra jaz ainda sobre nós. Esmaguei o insecto com o chinelo e, esfregando no chão, esmigalhei-o num longo rasto cinza.
Então, finalmente, o cão calou-se, ela, no sono, acalmou-se e quase parecia sorrir, as vozes apagaram-se, calou-se a mãe, não se percebeu mais nenhum sintoma de sobressalto no canário, a noite recomeçava a passar sobre a casa cansada, a morte fora inchar a sua inquietude noutras partes do mundo.
(Dino Buzzati)
sábado, abril 12, 2008
No se me importa un pito que las mujeres
tengan los senos como magnolias o como pasas de higo;
un cutis de durazno o de papel de lija.
Le doy una importancia igual a cero,
al hecho de que amanezcan con un aliento afrodisíaco
o con un aliento insecticida.
Soy perfectamente capaz de sorportarles
una nariz que sacaría el primer premio
en una exposición de zanahorias;
¡pero eso sí! -y en esto soy irreductible- no les perdono,
bajo ningún pretexto, que no sepan volar.
Si no saben volar ¡pierden el tiempo las que pretendan seducirme!
[...]
(Oliverio Girondo)
tengan los senos como magnolias o como pasas de higo;
un cutis de durazno o de papel de lija.
Le doy una importancia igual a cero,
al hecho de que amanezcan con un aliento afrodisíaco
o con un aliento insecticida.
Soy perfectamente capaz de sorportarles
una nariz que sacaría el primer premio
en una exposición de zanahorias;
¡pero eso sí! -y en esto soy irreductible- no les perdono,
bajo ningún pretexto, que no sepan volar.
Si no saben volar ¡pierden el tiempo las que pretendan seducirme!
[...]
(Oliverio Girondo)
quinta-feira, abril 10, 2008
A montra de prémios do Ângulo
Tal como foi prometido, o Ângulo Saxofónico resolveu premiar os leitores que tiveram a audácia e força de vontade para ver, do início ao fim, um vídeo dos Neu!
E vai premiá-los como? Em primeiro lugar, como blog bem-pensante e letrado que se preze, o Ângulo quer incentivar a cultura, por isso resolveu dar um prémio relacionado com o mundo das ARTES.
Em segundo lugar, e visto que temos dado primazia, até agora, à televisão (com a série Morângulos com Açúcar), resolvemos dar o nosso destaque ao TEATRO.
Como tal, o Ângulo Saxofónico vai distribuir, gratuitamente, pelos seus leitores, diversas PEÇAS DE TEATRO ORIGINAIS.
Essas PEÇAS DE TEATRO estarão, cada uma, AUTOGRAFADAS pelos elementos do blog.
O trabalho de selecção das peças foi duro e extenuante. A trupe do Ângulo Saxofónico percorreu o país, de lés a lés, em busca de peças de teatro relevantes.
E chegámos a uma lista final.
Serão oferecidos materiais provenientes de teatros abandonados, tais como o Sousa Bastos, em Coimbra, o Rosa Damasceno, em Santarém e o Parque Mayer, em Lisboa.
Os trabalhos de remoção das diversas PEÇAS DE TEATRO, tais como tijolos, bocados de palco ou cadeiras partidas foram extenuantes. Hoje, graças ao tornado que se abateu sobre a região de Santarém e que destruiu um bocado mais do Rosa Damasceno, conseguimos obter umas quantas pedras desse antro abandonado.
O nosso amigo Santana Lopes voluntariou-se para arranjar materiais provenientes do Parque Mayer.
E cá está a montra de prémios!!
Os leitores que responderam primeiro e que foram mais fantásticos e originais nas suas respostas ficam com um maior número de PEÇAS DE TEATRO! Os nossos parabéns!
Na foto em baixo, vemos exemplares de peças do teatro Sousa Bastos, em Coimbra.
quarta-feira, abril 09, 2008
Botox
Por causa da minha esmerada instrução, aprendi belas palavras, mas nenhuma que me livrasse da tristeza de estar a envelhecer. Tenho xx (60?) anos.
Para já, incomoda-me o branco nos cabelos, a pele mole, a falta do menstruo...Mas, sobretudo, horroriza-me a chegada do dia em que me irão oferecer o lugar no autocarro e o puré de frango para melhor mastigar.
Nos dias cinzentos, viro-me do avesso: pinto o cabelo de louro, faço caracóis, desengelho-me com botox, ignoro por completo os conselhos de Átis que me avisa carinhosamente:
- Safo, não vais aguentar humor disfórico e caracóis histéricos.
Pois não.
Mas, depois, lá reencontro alguma serenidade junto da minha lira e dos livros. Saio para comprar um vestido que me tape as varizes das pernas e faço um brushing à minha cabeça de ovelha...
Para já, incomoda-me o branco nos cabelos, a pele mole, a falta do menstruo...Mas, sobretudo, horroriza-me a chegada do dia em que me irão oferecer o lugar no autocarro e o puré de frango para melhor mastigar.
Nos dias cinzentos, viro-me do avesso: pinto o cabelo de louro, faço caracóis, desengelho-me com botox, ignoro por completo os conselhos de Átis que me avisa carinhosamente:
- Safo, não vais aguentar humor disfórico e caracóis histéricos.
Pois não.
Mas, depois, lá reencontro alguma serenidade junto da minha lira e dos livros. Saio para comprar um vestido que me tape as varizes das pernas e faço um brushing à minha cabeça de ovelha...
segunda-feira, abril 07, 2008
Recordando os Neu!
Há muito tempo que o Ângulo não faz uns obituáriozinhos. Não mencionou gente importante, como Fellini, Antonioni ou Stockhausen. Mas houve muita gente que o fez, e, sinceramente, é sempre complicado acrescentar algo ao que já foi dito por tantos.
Agora, e tirando proveito do facto de blogs importantes, como o (excelente) Sound And Vision se terem esquecido desta notícia, aproveito para anunciar que morreu Klaus Dinger, baterista e membro dos Kraftwerk no seu primeiro disco ("Kraftwerk", de 1970) e membro fundador e permanente do duo alemão Neu!. Com os Neu!, gravou alguns dos discos mais influentes dos anos 70 ("Neu!1", de 1972; "Neu!2", de 1973 e "Neu!75" de....1975).
Fez ainda parte dos LA Dusseldorf, com quem gravou 3 álbuns.
Fica aqui a música "Negativland", dos Neu!, do seu homónimo álbum de estreia.
Para os leitores que escutarem estes épicos 10 minutos do início ao fim ofereço um prémio.
Agora, e tirando proveito do facto de blogs importantes, como o (excelente) Sound And Vision se terem esquecido desta notícia, aproveito para anunciar que morreu Klaus Dinger, baterista e membro dos Kraftwerk no seu primeiro disco ("Kraftwerk", de 1970) e membro fundador e permanente do duo alemão Neu!. Com os Neu!, gravou alguns dos discos mais influentes dos anos 70 ("Neu!1", de 1972; "Neu!2", de 1973 e "Neu!75" de....1975).
Fez ainda parte dos LA Dusseldorf, com quem gravou 3 álbuns.
Fica aqui a música "Negativland", dos Neu!, do seu homónimo álbum de estreia.
Para os leitores que escutarem estes épicos 10 minutos do início ao fim ofereço um prémio.
sexta-feira, abril 04, 2008
Morângulos Com Açúcar Na TVI
Está confirmado. O blog "Ângulo Saxofónico" e a TVI formalizaram um acordo tendo em vista a transmissão da novela "Morângulos Com Açúcar" para este canal televisivo.
Como os autores deste blog são famosos pela sua proverbial preguiça e falta de produtividade, foi chamado um guionista externo para os ajudar a escrever vários episódios.
A escolha recaiu em Tozé Martinho, por quem os autores deste blog nutrem uma velha simpatia e admiração, desde os tempos de novelas clássicas como "Amanhecer" ou "Olhos de Água".
Tozé Martinho também se mostra interessado: "o ponto forte dos Morângulos são os sentimentos. Creio que uma pessoa que veja a novela fica com uma imagem da vida um pouco diferente daquela que tinha. E também aborda temas sociais, não me lembro bem quais. Esse poder de intervenção nas nossas vidas é que é valioso. Os morângulos não vão deixar ninguém indiferente".
Por outro lado, Tozé Martinho já convidou Safinha para participar na sua peça de teatro ambulante, de seu nome "um saco-cama para nove pessoas", cuja imagem se mostra aqui em baixo.
Safinha desempenha o papel de empregada doméstica, e de uma das 5 amantes do personagem desempenhado por Tozé Martinho.
Como os autores deste blog são famosos pela sua proverbial preguiça e falta de produtividade, foi chamado um guionista externo para os ajudar a escrever vários episódios.
A escolha recaiu em Tozé Martinho, por quem os autores deste blog nutrem uma velha simpatia e admiração, desde os tempos de novelas clássicas como "Amanhecer" ou "Olhos de Água".
Tozé Martinho também se mostra interessado: "o ponto forte dos Morângulos são os sentimentos. Creio que uma pessoa que veja a novela fica com uma imagem da vida um pouco diferente daquela que tinha. E também aborda temas sociais, não me lembro bem quais. Esse poder de intervenção nas nossas vidas é que é valioso. Os morângulos não vão deixar ninguém indiferente".
Por outro lado, Tozé Martinho já convidou Safinha para participar na sua peça de teatro ambulante, de seu nome "um saco-cama para nove pessoas", cuja imagem se mostra aqui em baixo.
Safinha desempenha o papel de empregada doméstica, e de uma das 5 amantes do personagem desempenhado por Tozé Martinho.